Valor movimentado em
esquema que envolve o Carf ultrapassa desvios da Operação Lava Jato. Petistas
criticam ausência de informações sobre o escândalo na imprensa.
A Operação Zelotes foi deflagrada no
dia 26 de março, e investiga, ao todo, 70 empresas, que supostamente pagavam
propinas para manipular julgamentos de processos no Conselho Administrativo de
Recursos Fiscais (Carf).
Instaurada
pela Polícia Federal para investigar um dos maiores esquemas de sonegação
fiscal da história do país, no entanto, compete com outros casos de corrupção
pela atenção na mídia.
O
prejuízo total computado até agora atinge a margem de R$ 6 bilhões. Os crimes,
segundo estimativas, podem ter movimentado quase R$ 19 bilhões em débitos
tributários não pagos aos cofres da União, se somados todos os processos sob
investigação.
Mesmo com
um valor três vezes maior que ao desviado no esquema de corrupção na Petrobras,
denunciado pela Operação Lava Jato, pouca audiência é dada ao caso.
O
deputado Paulo Pimenta (PT-RS), relator de uma subcomissão que irá acompanhar o
caso na Câmara, critica a pouca atenção dada ao escândalo que envolve o Carf e
grandes empresas do País.
“Um
caso que tem o volume de dinheiro envolvido, que tem gravações, que tem provas,
com fortes elementos, não tem recebido o mesmo tratamento de denúncias com
volumes muito menores”, repudia.
Mais
grave ainda, aponta o deputado, é o envolvimento de grandes escritórios de
advocacia, importantes empresas e bancos e órgãos da administração pública,
como o Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, que deveria mediar o
pagamento de dívidas tributárias com a Justiça.
“Não
tenho nenhuma dúvida que essa sim é uma organização criminosa, que se utilizava
da estrutura do estado para fraudar os cofres públicos”, afirma Pimenta.
Segundo
ele, o mesmo descaso acontece com o caso HSBC-Swissleaks. “Não tem pequenos
sonegadores e fraudadores, como não tem pequenas quantias de dinheiro
transferidas para a Suíça”, compara.
Entre lobos – Para Pimenta, um verdadeiro jogo de
interesses está por trás do silêncio da mídia. Outro motivo, segundo o
deputado, seria “por não saberem onde pode chegar” e quem a
investigação poderá atingir. “Lobo não come lobo”, alfineta.
Para o
parlamentar, essa é uma reação da elite brasileira, ligada a grupos de grande
poder econômico, ao medo de serem finalmente investigados. “Isso só expõe a
hipocrisia que tem nesse discurso contra a corrupção”, conclui.
Entre
os denunciados estão a rede RBS, maior afiliada da Rede Globo, suspeita de
pagar R$ 15 milhões ao Carf para esconder um débito de R$ 150 milhões, segundo
denúncia do jornal “Estadão”.
Na
lista de investigadas estão também grandes empresas como a Ford, Mitsubishi, BR
Foods, Camargo Corrêa, Light, e os bancos Bradesco, Santander, Safra,
BankBoston e Pactual.
Subcomissão – Paulo Pimenta diz que o grande
“objetivo” da subcomissão na Câmara é dar maior visibilidade a Operação
Zelotes.
O
primeiro convidado a prestar informações foi o procurador da República
Frederico Paiva, responsável pela Operação Zelotes.
Segundo
Pimenta, os principais pontos a serem questionados serão sobre a estrutura para
as investigações, se é ou não suficiente para desenvolver os trabalhos. Além
disso, o grupo vai apurar qual o motivo de não ter sido realizada nenhuma
prisão até o momento.
“Temos
informações de pessoas que já se ofereceram para fazer acordo de delação
premiada. Por que não houve prisões ainda?”, questiona.
O
deputado Marcon (PT-RS) também cobrou punição dos envolvidos no esquema de fraude,
em discurso na tribuna da Câmara dos Deputados.
“Até
hoje não se vê ninguém preso. Quero repudiar, porque esses envolvidos têm que
responder por aquilo que fizeram”, denunciou.
O
petista ainda criticou o silêncio da mídia diante do escândalo. “Estamos observando
a ausência total desse assunto em nossa mídia. Nossa pergunta é, por quê?”,
questionou.
Texto:
Flávia Umpierre, da Agência PT de Notícias
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