Primeira ministra negra da Itália enfrenta ofensas racistas
Cecile Kyenge foi nomeada por Enrico Letta e é uma das sete mulheres no novo governo italiano
03 de maio de 2013 | 15h 38
O Estado de S. Paulo
ROMA - A primeira ministra negra da Itália respondeu a uma enxurrada de insultos sexistas e racistas dizendo que ela tem orgulho de ser negra, não 'de cor', e que a Itália não é um país racista.
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Kyenge respondeu insultos dizendo ter
orgulho de ser negra
Kyenge também enfrentou insultos com toques de racismo de Mario Borghezio, integrante da Liga do Norte no Parlamento Europeu, que no passado foi aliado do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi. Em referência a Kyenge, Borghezio chamou a coalizão de Letta de um "governo bonga bonga" - uma brincadeira com o termo "bunga, bunga", atribuído a Berlusconi - e disse que ela parecia ser "uma boa dona de casa, mas não uma ministra".
Kyenge rejeitou os comentários, que a presidente da câmara dos deputados, Laura Boldrini, qualificou como "vulgaridades racistas". Kyenge planeja pressionar por uma legislação - a qual a Liga é contrária - que permitiria às crianças nascidas na Itália, filhas de imigrantes, obterem a cidadania automática, em vez de terem que esperar até os 18 anos para reivindicá-la.
"Cheguei sozinha à Itália aos 18 anos e eu não acredito em desistir diante de obstáculos", disse Kyenge, que deixou o Congo para que pudesse prosseguir os seus estudos em medicina. Ela também rejeitou o termo "de cor", usado para descrevê-la em muitas matérias na imprensa italiana, dizendo: "Eu não sou colorida, eu sou negra e digo isso com orgulho."
Kyenge, que é casada com um italiano, disse não ver a Itália como um país particularmente racista e acreditar que as atitudes hostis derivam principalmente da ignorância.
Boldrini disse a um jornal nesta sexta-feira, 3, que recebe ameaças de morte online diariamente e um fluxo de mensagens contendo imagens sexualmente ofensivas. "Quando uma mulher ocupa um cargo público, a agressão sexista dispara contra ela, sejam fofocas simples ou violentas... sempre usam o mesmo vocabulário de humilhação e submissão", disse Boldrini ao jornal La Repubblica. / REUTERS
OBS: PASRABÉNS À CECILE KYENGE. NUM CONTINENTE QUE SE DIZ CULTO E POLITIZADO, EXISTEM PESSOAS, QUE AINDA PENSAM NA ANTIGA E SUPERADA "SUPERIORIDADE RACIAL". ELA É FORTE E HÁ DE SUPERAR MAIS ESSE DESAFIO.
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