Após silêncio, prefeito cassado de Campinas ataca a oposição
Dr Hélio (PDT) foi acusado de omissão no escândalo do Caso Sanasa, em que sua mulher, a ex-primeira-dama Rosely Santos, é processada como líder de uma organização criminosa que fraudava contratos da empresa de água
06 de maio de 2013
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Longe da vida política, aos 62 anos e sem falar sobre as provas do processo que podem incriminar sua mulher - depoimentos de delação das supostas fraudes, escutas telefônicas, comprovantes de pagamento, movimentação bancária, entre outras -, Dr. Hélio diz ter sido vítima de um "complô", com grampos ilegais, e acusa o PSDB de fazer política com métodos "obscuros".
Em uma hora e meia de entrevista, conta sobre o surgimento do Caso Sanasa no momento em que atuava como coordenador de prefeitos para as campanhas do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da presidente Dilma Rousseff e sobre os interesses político-partidários de seus adversários tucanos. Vinte quilos mais magro, Dr. Hélio não toca no futuro político, pensa em concluir sua biografia, um livro sobre samba, carnavais e a política e virou autor de blog (www.drhelio.com).
Também voltou a estudar medicina, sua profissão de origem: é pediatra.
Leia abaixo trechos da entrevista ao Estado:
O senhor foi cassado entre outras coisas por omissão no Caso Sanasa?
Hélio de Oliveira Santos - O Caso Sanasa foi um problema que aconteceu aqui sem o meu conhecimento. Era uma peça para ser utilizada contra a minha campanha de reeleição (em 2008). Surgia na época um CD de gravação onde os lobistas juntamente com esses empresários teriam gravado esse Luiz Aquino (delator e réu-confesso no processo criminal, ex-presidente da Sanasa de 2005 a 2008) em festas onde corria mulher, uísque com água de coco, bravatas. Essas gravações apareceram em vários comitês dos meus adversários, do PSDB, do PSB, ao Ministério Público, segundo a própria testemunha. Qual a minha surpresa quando isso aparece em janeiro de 2011. Eles dizem que fui omisso. Em 2008, quando fiquei sabendo, exoneramos o presidente em uma instituição igual a Sabesp. Ou será que o governador é responsável por omissão e negligência nesses pacotes de mais de R$ 500 milhões do Estado suspeitos de estar envolvido nisso?
De que dinheiro o senhor está falando?
Dr. Hélio - Em setembro de 2010, eles afirmam 'R$ 600 milhões foi o rombo encontrado'. Quando você vê os documentos, R$ 552 milhões são envolvendo secretarias do governo do Estado, Sabesp, Tribunal de Justiça, Ministério Público do Estado. E R$ 48 milhões da Sanasa. E lá tem diversas prefeituras, no documento colocado pelo Ministério Público, prefeitura de São Paulo, de Hortolândia, de Indaiatuba.
O senhor falou em complô político, assim que quebrou o silêncio, há uma semana...
Dr. Hélio - Na época da reeleição do Lula, reuniram mais de 2 mil prefeitos de mais de 20 partidos políticos e me pediram inclusive para fazer a apresentação para o Lula no final da campanha, nesse encontro geral, que foi no hotel Nacional, em Brasília. A mesma coisa fizemos em uma reunião com prefeitos e prefeitas, em Belo Horizonte, na Dilma, no primeiro turno.
Qual o papel o senhor tinha?
Dr. Hélio - Coordenador, eles me colocaram, tinha uma coordenação de prefeitos, tinha uns 17 prefeitos. Evidentemente o que chama a atenção, e por isso falo em complô político, é que sai a notícia aqui no jornal, sem o conhecimento de absolutamente ninguém, e sem inquérito nenhum aberto. O inquérito da questão Sanasa começa a ser aberto uma semana depois e já sai no jornal dizendo que a Sanasa está sendo... no momento específico que o presidente Lula está aqui com a futura candidata a presidenta. Era 2010, ele veio inaugurar o Minha Casa Minha Vida. Essas questões deflagradas foram em várias cidades.
Coincidência ou não, foram cidades onde eu também tive abrindo comitês com prefeitos e prefeitas para eleição Dilma à presidenta da República. Eu estive em várias regiões coordenando um trabalho multipartidário em prefeituras aqui no Estado de São Paulo, e não foi só aqui, foram em vários outros estados.
O PSDB está por trás desse complô político que o senhor diz existir?
Eles sabem que estão aí vai para 24 anos e que a possibilidade de se manter no poder é muito pequena. Então tem que usar de estratégias de natureza política que muitas vezes não são com p maiúsculo. E tem que serem investigadas essas questões. O poder de governo não pode se misturar ao poder de Estado, são coisas independentes. Não podemos manter essa possibilidade, porque isso pode retornar a épocas obscuras.
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