Ibope: Petista tem teto alto no quintal tucano em São Paulo
O teto de voto de Fernando Haddad (PT) na área onde os petistas costumam ter dificuldades está mais alto do que o teto de José Serra (PSDB) na periferia onde tucanos costumam naufragar. É isso que fez o candidato do PT sair na frente na corrida do segundo turno em São Paulo, explica a CEO do Ibope Inteligência, Márcia Cavallari. Em votos válidos, Haddad lidera por 56% a 44%.
Na extrema periferia paulistana, batizada de Sul 2 e Leste 2 pelo Ibope, Serra tem apenas 1 em cada 4 eleitores, enquanto Haddad varia de 58% a 61%. São as regiões mais pobres da cidade.
Já no centro rico expandido – que o Ibope divide em Centro, Oeste e Sul 1 – o candidato do PT tem no mínimo 1 em cada 3 eleitores, enquanto Serra não passa de 52%, conta Márcia.
Os números refletem duas coisas: a dificuldade do tucano de cativar o eleitor mais pobre e que não fez faculdade, e a maior facilidade de Haddad para ser aceito por uma parte significativa da classe média – a aposta que levou o ex-presidente Lula a bancar a candidatura de um jovem professor universitário, neófito em eleições e desvinculado do processo do mensalão.
Para ter chances de se eleger, Serra precisa rebaixar o teto de Haddad no centro expandido. “O tema moral tem mais apelo no eleitor escolarizado e de maior renda”, diz a diretora do Ibope. Por isso, a crítica tucana ao PT por causa do mensalão pode diminuir a intenção de voto de Haddad nesse segmento. “Mas precisa ver se é suficiente”, ressalva Márcia.
A discussão de problemas da cidade, ao contrário, é a melhor aposta de Haddad para manter o teto de Serra baixo na periferia. O tucano terá problemas para convencer o eleitor de que a gestão de seu aliado Gilberto Kassab (PSD) é positiva. O prefeito bateu recorde de impopularidade: só 18% acham seu governo bom ou ótimo, enquanto 46% o classificam como ruim ou péssimo.
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O fato de o PMDB ter adiado seu apoio formal ao petista tampouco fez diferença: 38% dos que votaram em Gabriel Chalita declaram agora que votarão em Haddad, e o mesmo tanto, em Serra.
Ainda mais curioso, apesar de o PPS de Soninha e o PDT de Paulinho da Força terem declarado apoio ao tucano, 40% dos seus eleitores preferem o petista, e só 24% escolhem Serra. A pesquisa Ibope reforça o que outras sondagens mostraram em eleições passadas: no Brasil, os líderes políticos estão quase sempre a reboque do seu eleitor. Os pastores seguem o rebanho.
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