(artigo publicado no jornal Brasil Econômico em 22.11.2012)
De acordo com dados divulgados na última semana, a terceira economia do mundo encolheu 3,5% entre julho e setembro deste ano, desempenho afetado tanto pela queda das exportações, como pela diminuição do consumo interno e dos investimentos das empresas.
Em relação ao trimestre anterior, o declínio foi de 0,9%, o maior desde março de 2011, quando a produção foi temporariamente interrompida, após o tsunami que devastou o nordeste do país.
Nem mesmo a elevação do gasto público, que cresceu 4% no período, ainda incentivada pelos investimentos para reconstrução do país, conseguiu segurar o resultado do trimestre. Isso porque a economia japonesa, muito dependente do mercado interno, que está desaquecido, ficou ainda mais combalida com o desgaste provocado por disputas territoriais com a China e a queda das exportações para este país, o seu principal parceiro comercial.
Sobrecarregado pelo impacto da crise europeia, a desaceleração e a persistente deflação que dificulta sua recuperação, o Japão tem ainda outros problemas a enfrentar. Um deles é o peso de uma dívida pública que chegou a 235% de seu PIB, um patamar insustentável, que precisa justamente de um crescimento econômico mais forte e da consolidação fiscal para ser revertido.
Com as dificuldades na Ásia e o agravamento da recessão na Europa, não é difícil prever consequências para os países emergentes, como o Brasil. Inclusive, já começa ganhar força a visão de que a dificuldade da indústria brasileira em reagir mais rapidamente às medidas adotadas pelo governo brasileiro para estimular a atividade produtiva está mesmo na desaceleração global. Faz sentido.
A atual crise e a estagnação do comércio mundial incentivam políticas nitidamente protecionistas de expansão monetária e restrição de importações, o que nos afeta diretamente. No Japão, o governo promete um pacote de medidas de emergência para impulsionar a economia.
Até o momento, as autoridades japonesas têm evitado o "caminho europeu" da austeridade, do desemprego e dos cortes sociais. Portanto, as medidas devem ser no sentido de evitar o pior, melhorando o consumo e o investimento e preparando o país para retomar o crescimento.
Por aqui, diante de perspectivas nada animadoras, precisamos encontrar um caminho possível, que se sobreponha aos ventos desfavoráveis que vêm de fora.
Esse é o desafio que temos pela frente, lembrando que é preciso continuar removendo os entraves ao nosso desenvolvimento, melhorando os investimentos e apostando na expansão do mercado doméstico, que tem nos mantido de pé e é o principal responsável pelo nosso crescimento.
A crise dos países desenvolvidos apenas ajuda a explicar nossas dificuldades, mas não a resolvê-las. As respostas estão nas reformas que já começamos e que é preciso aprofundar.
OBS: TRANSCRITO DO BLOG DO ZÉ DIRCEU.
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