Itamaraty paga preço abusivo, aponta TCU
Contratos do cerimonial são fiscalizados pelo tribunal; bufê atende diplomacia há 40 anos
31 de outubro de 2013 | 22h 52
Fábio Fabrini - O Estado de S. Paulo
Brasília - Ao preço que um brasiliense paga por 40 croissants ou 12 quilos de
pão francês na melhor padaria da capital federal, eleita por guias locais, o
Itamaraty serve apenas um diplomata ou chefe de Estado num café da manhã. São R$
159 para alimentar uma pessoa com biscoitos, bolos, sucos e frutas. O valor
consta de relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), que aponta gastos
exorbitantes com refeições em coquetéis e eventos.
O tribunal fiscalizou contratos do cerimonial do Itamaraty, que repassou, desde 2008, R$ 6,7 milhões à Di Gagliardi, bufê que há cerca de 40 anos serve a diplomacia. De acordo com a corte, o contrato mais recente com a empresa, firmado em 2009 e prorrogado várias vezes, tem indícios de jogo de planilha e poderia custar bem menos.
Os auditores compararam os preços com os praticados pelo Senado, casa tradicionalmente pouco parcimoniosa, que contrata serviços semelhantes.
Dos 42 itens analisados, todos foram mais caros no Itamaraty, que pagou até 430% mais.
Enquanto o café de um diplomata sai a R$ 159 em evento para até 14 pessoas, no Legislativo custa R$ 30. Por um almoço ou jantar à francesa, o Itamaraty paga R$ 237 por pessoa, ante R$ 120 no Legislativo. A conta não inclui bebidas alcoólicas. É dinheiro suficiente para bancar, ao preço médio de R$ 127, couvert, entrada, prato principal e sobremesa no Gero, do Grupo Fasano, um dos restaurantes mais prestigiados de Brasília.
Os eventos da diplomacia costumam ser requintados e variados. Num jantar, por exemplo, o cerimonial pode escolher como prato principal um entre 22 opções, a exemplo de medalhões de lagosta ao molho de manteiga queimada ou perdizes recheadas.
Para o TCU, mesmo tanta sofisticação não explica as cifras. "A despeito de reconhecer a importância da qualidade, entendo que esse argumento não é válido ao ponto de justificar as diferenças de preço", avaliou o relator do processo, ministro Benjamin Zymler. Em decisão aprovada quarta-feira, a corte de contas determinou mudanças, entre elas a comparação com os contratos de outros órgãos.
Segundo a auditoria, a licitação aberta pelo Itamaraty restringiu a participação de empresas. Cotação superestimada elevou o preço de referência do pregão (R$ 2,6 milhões). A Di Gagliardi venceu com proposta de R$ 2,1 milhões. Mas os valores das refeições foram mais altos do que os apresentados pela empresa em consulta prévia do Itamaraty antes do certame.
Em nota, o Itamaraty alegou que os cardápios requerem ingredientes "da mais alta qualidade" e que "obedeçam às peculiaridades culturais das delegações, justamente por serem organizados para altas autoridades estrangeiras". Afirma ainda que questão igualmente importante é a exigência de requisitos como bufê com estrutura de grande porte, não raro para servir mais de 300 pessoas, e treinamento para profissionais como chefe de cozinha e garçons. A Di Gagliardi informou ter participado de pregão, ganhando com menor preço e na legalidade.
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segunda-feira, 28 de outubro de 2013
Atualizado em 27 de outubro, 2013 - 13:03 (Brasília) 15:03 GMT
Apesar de o CNA ter grandes chances de ser reeleito, o partido deve perder parte das vagas que possui no Parlamento – hoje o CNA controla 66% do Legislativo. O partido é acusado de não conseguir melhorar as condições de vida dos mais pobres, não combater a corrupção e abusar dos gastos com dinheiro dos contribuintes.
Os sul-africanos têm sido "bombardeados" com relatos da imprensa de que seus ministros estão gastando demais.
Recentemente, a governadora da província do Cabo do Norte, Sylvia Lucas, foi acusada de gastar mais de US$ 5 mil (cerca de R$ 10 mil) no seu cartão de crédito com comidas fast-food. Isso tudo ao longo de apenas dez meses.
Na última reforma ministerial, o presidente Jacob Zuma demitiu a ministra das Comunicações Dina Pule depois que foi revelado que o governo pagou pela passagem aérea de seu namorado, durante uma visita oficial.
Outros ministros são acusados de beneficiar amigos em licitações públicas. Outros têm estilos de vida incompatíveis com seus cargos – dirigindo carros de US$ 100 mil, gastando com vinhos caros, viajando pelo mundo e se hospedando em hotéis de luxo.
Em um discurso sobre o orçamento, o ministro das Finanças anunciou restrições com gastos em álcool e com cartões de crédito.
A partir de 1º de dezembro, nenhuma recepção oferecida pelo governo poderá servir bebidas alcoólicas, e nenhum evento oficial pode custar mais de US$ 200.
Além disso, ministros e autoridades terão de viajar de classe econômica – e em comitivas menores e com menor frequência.
O partido de oposição, a Aliança Democrática, disse concordar com as medidas de austeridade, mas afirmou que isso já deveria ter sido implementado antes.
Gordhan disse que o governo já conseguiu poupar US$ 80 milhões com gastos eficientes em ministérios, e que o déficit público sul-africano – de 4,2% – é menor do que o previsto pelo mercado.
Segundo a analista Annabel Bishop, da empresa Investec, os esforços orçamentários da África do Sul estão sendo bem-vistos no mercado.
No entanto para o líder do partido minoritário de oposição Inkatha Freedom Party, Mangosuthu Buthelezi, o anúncio de mais austeridade entre ministros não passa de uma "cortina de fumaça" para impressionar investidores.
"Eu acho que ele [o ministro das Finanças] fez o suficiente apenas para nos livrar da pressão das agências de classificação de risco. É pouco dinheiro no computo total, mas isso serve como um recado forte."
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Por um almoço ou jantar à francesa, o
Itamaraty paga R$ 237 por pessoa
O tribunal fiscalizou contratos do cerimonial do Itamaraty, que repassou, desde 2008, R$ 6,7 milhões à Di Gagliardi, bufê que há cerca de 40 anos serve a diplomacia. De acordo com a corte, o contrato mais recente com a empresa, firmado em 2009 e prorrogado várias vezes, tem indícios de jogo de planilha e poderia custar bem menos.
Os auditores compararam os preços com os praticados pelo Senado, casa tradicionalmente pouco parcimoniosa, que contrata serviços semelhantes.
Dos 42 itens analisados, todos foram mais caros no Itamaraty, que pagou até 430% mais.
Enquanto o café de um diplomata sai a R$ 159 em evento para até 14 pessoas, no Legislativo custa R$ 30. Por um almoço ou jantar à francesa, o Itamaraty paga R$ 237 por pessoa, ante R$ 120 no Legislativo. A conta não inclui bebidas alcoólicas. É dinheiro suficiente para bancar, ao preço médio de R$ 127, couvert, entrada, prato principal e sobremesa no Gero, do Grupo Fasano, um dos restaurantes mais prestigiados de Brasília.
Os eventos da diplomacia costumam ser requintados e variados. Num jantar, por exemplo, o cerimonial pode escolher como prato principal um entre 22 opções, a exemplo de medalhões de lagosta ao molho de manteiga queimada ou perdizes recheadas.
Para o TCU, mesmo tanta sofisticação não explica as cifras. "A despeito de reconhecer a importância da qualidade, entendo que esse argumento não é válido ao ponto de justificar as diferenças de preço", avaliou o relator do processo, ministro Benjamin Zymler. Em decisão aprovada quarta-feira, a corte de contas determinou mudanças, entre elas a comparação com os contratos de outros órgãos.
Segundo a auditoria, a licitação aberta pelo Itamaraty restringiu a participação de empresas. Cotação superestimada elevou o preço de referência do pregão (R$ 2,6 milhões). A Di Gagliardi venceu com proposta de R$ 2,1 milhões. Mas os valores das refeições foram mais altos do que os apresentados pela empresa em consulta prévia do Itamaraty antes do certame.
Em nota, o Itamaraty alegou que os cardápios requerem ingredientes "da mais alta qualidade" e que "obedeçam às peculiaridades culturais das delegações, justamente por serem organizados para altas autoridades estrangeiras". Afirma ainda que questão igualmente importante é a exigência de requisitos como bufê com estrutura de grande porte, não raro para servir mais de 300 pessoas, e treinamento para profissionais como chefe de cozinha e garçons. A Di Gagliardi informou ter participado de pregão, ganhando com menor preço e na legalidade.
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segunda-feira, 28 de outubro de 2013
SE MEDIDAS COMO ESSAS FOREM IMPLANTADAS NO BRASIL, HAVERÁ ENORME ECONOMIA. O PESSOAL DO "ANDAR DE CIMA", NÃO CONHECE LIMITES. ESTÁ CORRETÍSSIMO O MINISTRO DAS FINANÇAS TREVOR MANUEL. ALIÁS, SE NÃO FOSSE CITADO O NOME DO PAÍS, O LEITOR PENSARIA QUE SE TRATASSE DO BRASIL.
África do Sul corta álcool e viagens de 1ª classe de ministros
Álcool em recepções oficiais será cortado, por decisão do ministro de Jacob Zuma
Os sul-africanos aplaudiram uma série de novas medidas anunciadas pelo ministro das Finanças do país, Pravin Gordha, de barrar gastos de autoridades com álcool, viagens aéreas caras e excessos com cartões de crédito em uma tentativa de cortar custos do governo.
A medida acontece em um momento em que o Congresso Nacional Africano (CNA) – o maior partido político do país e que está no poder desde o fim do apartheid em 1994 – tenta melhorar a sua imagem perante o público, um ano antes das eleições gerais na África do Sul.
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Os sul-africanos têm sido "bombardeados" com relatos da imprensa de que seus ministros estão gastando demais.
Recentemente, a governadora da província do Cabo do Norte, Sylvia Lucas, foi acusada de gastar mais de US$ 5 mil (cerca de R$ 10 mil) no seu cartão de crédito com comidas fast-food. Isso tudo ao longo de apenas dez meses.
Na última reforma ministerial, o presidente Jacob Zuma demitiu a ministra das Comunicações Dina Pule depois que foi revelado que o governo pagou pela passagem aérea de seu namorado, durante uma visita oficial.
Outros ministros são acusados de beneficiar amigos em licitações públicas. Outros têm estilos de vida incompatíveis com seus cargos – dirigindo carros de US$ 100 mil, gastando com vinhos caros, viajando pelo mundo e se hospedando em hotéis de luxo.
Contas públicas
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A partir de 1º de dezembro, nenhuma recepção oferecida pelo governo poderá servir bebidas alcoólicas, e nenhum evento oficial pode custar mais de US$ 200.
Além disso, ministros e autoridades terão de viajar de classe econômica – e em comitivas menores e com menor frequência.
O partido de oposição, a Aliança Democrática, disse concordar com as medidas de austeridade, mas afirmou que isso já deveria ter sido implementado antes.
Gordhan disse que o governo já conseguiu poupar US$ 80 milhões com gastos eficientes em ministérios, e que o déficit público sul-africano – de 4,2% – é menor do que o previsto pelo mercado.
Segundo a analista Annabel Bishop, da empresa Investec, os esforços orçamentários da África do Sul estão sendo bem-vistos no mercado.
No entanto para o líder do partido minoritário de oposição Inkatha Freedom Party, Mangosuthu Buthelezi, o anúncio de mais austeridade entre ministros não passa de uma "cortina de fumaça" para impressionar investidores.
"Eu acho que ele [o ministro das Finanças] fez o suficiente apenas para nos livrar da pressão das agências de classificação de risco. É pouco dinheiro no computo total, mas isso serve como um recado forte."
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