Se Moro fosse um produto lançado
recentemente, e não um juiz, caberia para ele a seguinte palavra: flopou.
Moro flopou.
Flopar, como sabemos todos, vem de flop,
fracasso em inglês.
Pois é. Moro fracassou. Fracassou
miseravelmente.
A maior de todas as razões é que ele acabou
trazendo ainda mais divisão a um país que já estava suficientemente dividido
antes que ele saísse da obscuridade paranaense em que vivia e trabalhava.
Como Joaquim Barbosa antes dele, Moro é hoje
idolatrado pelos conservadores e detestado pelos progressistas.
A culpa é dele ou das circunstâncias? — você
poderia perguntar.
Claro que as circunstâncias favorecem. Você
tem hoje um Brasil parecido, sob certos aspectos, com a Venezuela –
visceralmente dividido.
Mas Moro com certeza deu sua contribuição
pessoal. Ele jamais emprestou à Lava Jato uma coloração apartidária, assim como
Joaquim Barbosa e o STF, um pouco atrás, para o Mensalão.
Mais uma vez, fica a sensação que o principal
alvo não é exatamente a corrupção, mas o PT e o governo Dilma.
E disso resulta a percepção, entre tantos
brasileiros, de uma justiça injusta, simbolizada há algum tempo em JB e
agora em Moro.
Os desvios de conduta da Lava Jato se
manifestaram, ao longo da campanha eleitoral, em vazamentos descaradamente
construídos para minar Dilma.
Só agora, muito depois das eleições, é que se
soube, por exemplo, que o doleiro Youssef citou Aécio e sua irmã no jamais
investigado Caso Furnas. Imagine o impacto que isso teria nas urnas.
Aécio foi poupado dos vazamentos, como em
tantas outras coisas, ao passo que Dilma foi massacrada.
Que Aécio ainda assim tenha sido derrotado
mostra a sua fragilidade como candidato, e a deterioração de seu partido.
Moro jamais se pronunciou contra os
vazamentos, ou tomou alguma atitude que demonstrasse seu desagrado.
Especulo aqui que seu comportamento seria
provavelmente outro se vazassem coisas sobre Aécio.
Passadas as eleições, Moro cometeu uma
monumental tolice ao aceitar um prêmio da Globo e subir ao palco, num
contentamento provinciano, com João Roberto Marinho.
Justiça e imprensa não podem se misturar. Não
em circunstâncias normais, e menos ainda no quadro vivido pelo país.
Você jamais vê na Inglaterra, para pegar
apenas um exemplo, um juiz confraternizando com Murdoch. É ruim para a imagem
de ambos, e a sociedade simplesmente não tolera esse tipo de associação.
Agora, a discutível prisão do tesoureiro do
PT — no mesmo dia em que a esquerda marcara protestos contra a terceirização –
lança ainda mais sombras sobre a isenção de Moro.
No twitter, uma hashtag que viralizou dia
16/04, retrata o que muita gente pensa, e não estou falando apenas de
petistas.
Ei-la: #ExplicaMoroPorqueSoPT.
O fato é que Sérgio Moro não tem nenhuma
explicação razoável para isso.
O país necessita, com urgência, vencer uma
divisão que o vai tornando parecido com a Venezuela.
Moro veio para dividir ainda mais.
Por isso flopou. Por isso fracassou.
Por isso, também, ele é uma figura que faz
mal ao país.
Texto: Paulo Nogueira
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