segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Marcos Martins e a cultura popular

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Música caipira também é cultura
17/08/2009
Por Marcos Martins*

Como bem nos disse recentemente Inezita Barroso, já foi o tempo em que a população considerava a música caipira como produto cultural de categoria inferior. Felizmente nossas novas gerações dão cada vez mais valor à arte do uso da viola e às composições popularizadas pelas duplas caipiras, também chamadas de duplas sertanejas, vibrante tradição do nosso interior paulista.

Dois exemplos desse verdadeiro resgate cultural em curso é a receptividade que obtive com iniciativas recentes como deputado estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo.

Na primeira delas consegui aprovar a Lei Estadual nº 13.547/09, que declara Osasco “A Capital da Viola no Estado de São Paulo”. Essa nova lei consagra o importante celeiro de músicos sertanejos surgido quando Osasco era ainda uma vila praticamente rural nos arredores de São Paulo. A cidade cultiva desde então a cultura caipira, rica fusão das contribuições indígenas, europeias e africanas, marca genuína da brasilidade.

Mesmo evoluindo à posição de quinta maior cidade paulista, Osasco segue fiel à música sertaneja. Atuam, hoje, para divulgá-la, principalmente a Casa do Violeiro do Brasil e a Associação Brasileira dos Artistas Sertanejos (ABAS), as quais com seu bravo trabalho mantêm acesa a chama da música de viola. Também registro a importante ação da Prefeitura de Osasco, ao manter a tradição dos festivais de música sertaneja.

Em outra iniciativa, no último dia 07 de agosto, na semana em que João Pacífico, consagrado compositor de música caipira, completaria cem anos de idade, propus que a Assembléia Legislativa de São Paulo homenageasse em Ato Solene esse ilustre paulista de Cordeirópolis. Compareceram à atividade centenas de pessoas, vindas de várias cidades paulistas, dentre elas Várzea Paulista e Jundiaí, além de Cordeirópolis e Osasco. Naquela noite ouvimos diversas duplas e grupos culturais executarem clássicos de Pacífico e tivemos o privilégio da presença da “rainha da música caipira”, a querida Inezita Barroso, que brindou-nos com um pouco de sua convivência com o excepcional poeta.

Neto de escravos e nascido em fazenda, João Pacífico morou em vários municípios de nosso Interior, recebeu o título de Cidadão Paulistano, conquistou discos de ouro e compôs mais de 1.200 músicas. Foi um dos maiores compositores do Brasil. Seus mais conhecidos sucessos foram as canções Pingo d’Água, Cabocla Tereza, Chico Mulato e Mourão da Porteira. Diversas duplas e cantores gravaram suas composições, dentre eles Inezita Barroso, Tonico e Tinoco, que gravaram quase todo seu repertório, Sérgio Reis, João Paulo e Daniel, Duo Glacial, Tião Carreiro e Pardinho, Jacó e Jacozinho.

Como orgulhoso interiorano que sou e antigo admirador da viola, fico feliz por essas duas realizações e espero ter contribuído para impulsionar ainda mais o saudável movimento pela revalorização dessa causa. Afinal, música caipira é cultura, há muito tempo.

Marcos Martins é deputado estadual pelo PT-SP

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