Londres tem protesto de estilo brasileiro e disciplina (quase) britânica
Evento contou com multiplicidade de reivindicações, batucada, clima festivo e mudanças de endereço.
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Um grupo de brasileiros se reuniu na região central de Londres
para realizar um protesto em solidariedade às diversas manifestações que vêm
acontecendo no Brasil, a exemplo de outros eventos similares que estão previstos
para ocorrer em diversas cidades do exterior nos próximos dias.
A manifestação, convocada por Facebook, contou com batucada, multidão
cantando o Hino Nacional e pessoas envoltas na bandeira e com o rosto pintado de
verde e amarelo.Não fossem inúmeros cartazes com críticas à Copa do Mundo, o evento chegaria a parecer como um encontro de brasileiros para assistir a um amistoso da seleção.
Inicialmente, a intenção dos realizadores, os estudantes Maurício Azevedo e Lara Mendonça, era realizar a manifestação em frente à Embaixada Brasileira, mas o local acabou sendo vetado pela Polícia Metropolitana de Londres, após mais de 4 mil pessoas terem informado sua intenção de comparecer. Os policiais alegaram questões de segurança, já que o trânsito de veículos na região acabaria sendo afetado.
Em seguida, os organizadores, os estudantes comunicaram à polícia a intenção de transferir o protesto para Trafalgar Square, tradicional cartão postal da cidade e sede de inúmeros protestos, mas, que de acordo com a dupla, devido a trâmites burocráticos, os policiais também disseram não.
Eles acabaram tendo de transferir o evento na segunda à noite para outra localidde, o Old Palace Yard, próximo ao Parlamento Britânico e à Abadia de Westminster.
Variedade de temas
O número não tão grande de presentes foi inversamente proporcional à ampla variedade de temas reinvidicados pelos manifestantes. Mas os que protestavam refutaram acusações de que o movimento de protestos se tornou excessivamente difuso e sem foco."Não temos um problema só. Nosso problema não é só o aumento de R$ 0,20 da passagem", afirmou Aírtom Rolim, em referência ao aumento que levou milhares de pessoas às ruas em São Paulo, tornando-se o estopim dos protestos vistos em outras partes do Brasil.
"Nossos problemas são educação, saúde e cultura. Então por que reivindicar um só tema? A gente quer ver mais pessoas reivindicando vários assuntos."
A estudante de doutorado Nara Improta, 34, deu opinião semelhante. Improta, que carregava um cartaz contra o estatuto do nascituro, projeto que tramita no Congresso e que dificulta o acesso das mulheres aos serviços de aborto previsto em lei, afirmou que a fartura de reivindicações não enfraquece o movimento.
Os manifestantes também disseram não ver estranheza em estarem indo às ruas de uma capital estrangeira em prol de temas que dizem respeito ao Brasil.
Balas de borracha
"Se estivesse no Brasil, eu não iria para as ruas, porque temeria levar balas de borracha. Aqui me sinto segura, sei que nada disso vai acontecer", afirmou Cristina Rodrigues, 34, que trouxe o filho pequeno, Nicolas, de 5 anos para a manifestação.Em seu carrinho, a criança exibia um cartaz com os dizeres "Eu não levo bala de borracha".
O evento foi encerrado pontualmente às 20h, como previa o programa orginal. Porém, um grande grupo de brasileiros acabou "reconduzindo" a manifestação para aquele que deveria ser o endereço original do protesto - a frente da Embaixada do Brasil.
Com a chegada de um grande grupo ao local, a polícia londrina acabou tendo de interditar parte da rua e desviar o trânsito. Mas não houve qualquer tensão entre manifestanes e policiais.
A manifestação em Londres foi uma entre 25 que ocorreram em cidades do exterior em solidariedade aos protestos em São Paulo. Desde o final de semana, houve protestos em 50 cidades estrangeiras.
* Colaborou Maurício Moraes.
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