sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

NOSSO COMEÇO DE MILITÂNCIA PARTIDÁRIA

Lula e os dirigentes locais do PT em visita a Fábrica/Fotos Arquivo do PT

Lembranças dos anos 81 e 82*


Lembro-me ainda do início de nosso PT em Indaiatuba. Reuníamos-nos numa casa, na rua XV de Novembro. Não me lembro se era a casa do Alveno, o popular foguete, ou de quem era. Éramos poucos companheiros. Quando comecei a participar, os colegas estranhavam minha presença, pois não me conheciam. Eu já trabalhara alguns anos no Porto de Santos e conhecia um pouco da forma de agir dos companheiros portuários.

Agora nesse tempo, trabalhava na Singer, em Viracopos. Ainda não era filiado. Os companheiros que dirigiam nosso partido, digo nosso, pois gostava das linhas mestras, que nos mandavam da Direção Nacional. Nunca havia me filiado a partido algum e sentia que esse que surgia, batia com minhas idéias. Os nossos dirigentes desse tempo eram: Balaminitti, Bianchi, Otaguro e Gnecco.

Dos demais, me lembro só do Alveno. Tínhamos um procedimento duro no que diz respeito ás partes das reuniões. Como hoje; tínhamos informes e demais partes da reunião. Sempre que me surgia uma sugestão, esperava minha vez e então expunha minha idéia. Acontece que nosso grupo dirigente era muito rijo, e eu tinha dificuldade para convencer os colegas, que decidiam em grupo e eu era voto vencido.

Na minha concepção de luta partidária da época, tínhamos que colocar o partido na rua. Só assim cresceríamos. Nossos dirigentes alegavam que “não tínhamos dinheiro”. E eu discordava, com o argumento de que para sairmos ás ruas, não precisaríamos de dinheiro. Precisávamos usar a cabeça e a criatividade. Sugeri uma forma: vamos prender um bambuzinho nas nossas bicicletas, com a bandeira do PT e sair rodando.

Seria o partido na rua. Os colegas acharam boa a idéia. Então me propus a arrumar os bambus. Levei para a sede uns 30 e expus meu plano. Olhavam uns para os outros e ficou nisso. Então eu amarrei um bambu em minha bicicleta e comecei a rodar pela cidade. Os que deixei na sede, nunca foram usados. Creio que, por serem da cidade, ou tinham vergonha de sair na rua ou por não terem autorização da Direção de São Paulo.
Eu continuei rodando, pois era muito legal, divulgar o PT, sem gastar dinheiro. E os colegas da direção local, não aceitavam as propostas que eu sugeria. Na campanha de 82, lembro de um comício no Jardim América, onde um companheiro, já falecido falava ao microfone: “precisamos acabar com essa burguesada do 9 de julho”.

Eu achava um disparate, pois os colegas do 9 de julho, eram companheiros de trabalho, de fábrica !! Chegou num momento em que resolvi sair do Partido, pois notei que só passava como idéia, o que os 4 dirigentes aprovassem. Encaminhei um pedido de demissão ao Bianchi. Tempos depois, nos encontramos e ele me disse que voltasse pois não tinha encaminhado minha ficha para desfiliação.

Então eu lhe disse: pode mandar para frente essa ficha, pois antes de entregar ao Partido, já dei baixa no Cartório Eleitoral. Ajudei a fundar o PH na cidade. Atuávamos como força auxiliar do PT, mas com independência. Quando o PH não se viabilizou como Partido em 1989, solicitei filiação novamente no PT, onde estou até hoje.

Miranda.

*Memórias Militante por Roberto Miranda

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