segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Investindo numa área vital: logística

Ferrovias: solução inteligente no 3º milénio

As ferrovias brasileiras começaram a ser construídas em meados do séc.XIX, por uma iniciativa do Grande brasileiro chamado João Evangelista de Souza, o Visconde de Mauá. Grande incentivador dessa modalidade de transporte, Mauá fez tudo quanto podia para introduzir em nosso Pais com dimensões continentais e com topografia favorável, o transporte ferroviário. Foi cometido um grave erro nos idos de 1960 quando o Presidente Kubistchek, empreendedor, com muita disposição, porém mau assessorado na questão de logística, ao introduzir em nosso Pais a Industria Automobilística, deve ter tomado as medidas burocráticas, para reduzir a participação das ferrovias no conjunto dos transportes e começou a reduzir os investimentos no setor ferroviário, pois assim haveria “espaço” para que as Empresas de transporte rodoviário começassem a comprar os novos caminhões que sairiam das linhas de montagem. Assim se criou um paradoxo. Um País imenso e em grande parte plano, que teria na ferrovia uma forma de transporte inteligente, e poderia ser interligado de Norte ao Sul e de Leste ao Oeste. O Centro-Oeste que produz muito grão poderia proporcionar o escoamento de suas safras por ferrovia em conexão com hidrovias e chegar aos Portos com seus preços competitivos. No entanto com o início da Industria Automobilística, nos idos de 1960, esse setor, muito forte, exerceu seu “lobby” junto ao Governo e teve um crescimento muito grande nos anos seguintes à sua implantação. O País não pode chorar o leite derramado. Estamos no 3º milénio. O período atual traz de volta a ideia de que as ferrovias são uma alternativa inteligente e assim o Governo atual, do Presidente Lula, está priorizando em seus planos no Ministério dos Transportes um crescimento bem robusto nesse setor que estava estagnado, como já o fez no setor de construção naval. Hoje os estaleiros estão cheios de encomendas, geram milhares de empregos e vão reduzir os fretes que o País paga às Empresas de navegação marítima. Com as ferrovias acontecerá a mesma coisa. Como o País tem muito espaço, poderá sem dúvida planejar suas ferrovias em bitola larga, linhas paralelas e eletrificadas, para transportar carga e passageiros como acontecia até 1960. O País tinha diversas ferrovias dos Estados e outras Federais, muito boas, como podemos citar: em bitola larga as Ferrovias no Estado de São Paulo eram a Araraquarense, a Paulista e pertenciam ao Estado. Ainda no Estado de São Paulo trafegavam as ferrovias Federais Santos a Jundiai que era ligada à Companhia Paulista de Estradas de Ferro e que chegava ao Porto de Santos e a Central do Brasil que fazia o trajeto de São Paulo para o Rio de Janeiro. Ainda no Estado de São Paulo tinham as Ferrovias Mogiana, Sorocabana e Noroeste, estas com bitola estreita. A Ferrovia Noroeste fazia o trajeto de Baurú para Corumbá, tomando o rumo de Santa Cruz de lá Sierra, na Bolívia. Ferrovias no Rio Grande do Sul e Paraná, alcançavam o Uruguai e a Argentina. Haviam ferrovias também em Minas Gerais e no Nordeste. As ferrovias eficientes que o País tem hoje, são da Empresa Vale do Rio Doce, que atuam na exportação de minério de ferro, mas não transportam passageiros. Em uma das viagens á Europa, o Presidente Lula em visita à Espanha viajou em um comboio rápido (250 km/hora) de Toledo à Madrid e afirmou que é desses transportes que nosso País precisa. Mas afirmou com muita propriedade que os leitos ferroviários atuais não servem. É preciso fazer tudo de novo. Leitos novos, trilhos novos, traçados novos, eletrificação nova, composições novas. Então caso fizessem parcerias com o setor privado, toda esse setor que está hoje altamente modernizado na Europa, China, Estados Unidos e Japão, seria viável e possibilitaria aos Países que já detém essa alta tecnologia, fazerem parcerias com Empresas Nacionais, modernizando o setor e gerando muitos postos de trabalho, além de transferência de tecnologia. O entrosamento das ferrovias com os Portos ajudaria no escoamento das safras e então aumentaria a competitividade em relação aos produtos de outros Países. Já tivemos época em que as composições transportavam com muita eficiência passageiros em quase todas as ferrovias do País. É perfeitamente admissível que possamos retornar a essa situação. Nada impede que tenhamos de novo, grandes ferrovias no País. Tranportando passsageiros, aliviaremos o tráfego nas rodovias, e economizaremos energia fóssil, pois essas ferrovias serão eletrificadas. Somos ricos em energia hídrica.
Já foi aberta a licitação ao setor privado, para uma linha de Ilhéus na Bahia a Palmas, capital do Estado de Tocantins, para passageiros e cargas e para a ferrovia do trem-bala. O embate para ver quem construirá essa monumental ferrovia que revolucionará o setor ferroviário no Brasil, ocorrerá no final desse ano. Grandes grupos internacionais estarão concorrendo.
No mês de Maio/2008, a General Electric Transportation, inaugurou sua nova linha de fabricação de locomotivas de grande porte, para atender ao transporte de minérios e dessa forma, já começa a reanimar esse setor, vital para a modernização do Brasil. Assim como a Rússia que tem ferrovias de longo curso, pois seu território é o maior do mundo, o Brasil também segue nessa mesma direção. O setor de logística exige uma ação rápida na modernização dos transportes ferroviários, inclusive para aliviar as rodovias. Milhares de vidas serão poupadas, caso as ferrovias voltem a transportar passageiros em suas composições, pois os acidentes nas rodovias se reduziriam. Um projeto que está no BNDES, Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social, desde 2004, ligado aos trens de alta velocidade, indica que o Projeto em estudos tem estas características básicas: distância de Viracópos-Campinas a São Paulo com 90 km e São Paulo ao Rio de Janeiro com 412 km, com paradas em Campinas, São Paulo e Aparecida do Norte e final na cidade do Rio de Janeiro; velocidade 280 km/h com; tempo de viagem, + ou – hora e meia; comboios com 855 passageiros a cada 15 minutos; linhas eletrificadas e paralelas; raio mínimo de 25.000 m e rampa máxima de 1,7%. Esse Projeto deverá transportar 32,6 milhões de passageiros no primeiro ano ou 89.300/dia. Haverá depois expansão para atingir Curitiba ao sul, e Belo Horizonte ao centro do País. Mais adiante seguramente chegará até Brasília.
Ao reanimar o transporte ferroviário brasileiro, deverá ocorrer o mesmo que está ocorrendo na atual reativação dos nossos estaleiros. Haverá uma industrialização ferroviária. Fábricas de locomotivas, de vagões, dos componentes como trilhos nas siderúrgicas, dormentes nas industrias de cimento, de rodas e de uma infinidade de peças e a consequente geração de milhares de emprego. Será ótimo!!
No Governo brasileiro já estão em fase de montagem os documentos para que no transcorrerer de 2010, ocorram licitações, com o objectivo de criar um corredor especial para “trens bala” ligando as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro, ligando dessa forma os Aeroportos de Viracopos em Campinas, Congonhas e Guarulhos em São Paulo e Santos Dumont e Galeão no Rio de Janeiro. Em Abril de 2008, a Ministra Dilma Rousseff esteve no Japão, para estimular esse País a se interessar por essa obra que também chamou a atenção da Alemanha, Inglaterra, e Coreia do Sul. Em 2007 estando na Itália, essa Ministra também já divulgava essa obra, que dará grande impulso ao setor ferroviário brasileiro. O Brasil acaba de ser considerado economicamente forte pela Agência Standard & Poor`s, em “grau de investimento”. Isso ocorreu em Maio de 2008. O País passará a receber investimentos seguros e esses investimentos não correrão riscos. Assim o Brasil terá forçosamente que se modernizar em sua logística de exportação. Quer dizer, seu Planejamento, seus meios de transporte, seus Portos, Aeroportos, e nessa conjuntura, os modernos sistemas que já são realidade na Europa, China, Estados Unidos e Japão deverão finalmente chegar ao País. Introduzir um sistema chamado em Portugal de TGV, será um grande estímulo aos outros meios, como acelerar a construção de metrôs nas grandes cidades e a expansão ás cidades que já os tem. A ferrovia é um transporte muito inteligente. O Brasil tem uma topografia favorável, com poucos acidentes geográficos e assim fica tecnicamente mais fácil a expansão ferroviária. Foi uma lástima o abandono ocorrido a partir de 1958 de nossas ferrovias. Mas sempre é tempo de se recuperar o tempo perdido. Parcerias entre o Governo Federal e Empresas Privadas deverão ocorrer. Grandes Corporações já se movimentam para ganhar contratos nessa modernização. Tem muito dinheiro em jogo, pois o moderno tem seu custo. Mas é investimento,com transferêrencia de tecnologia e não despesas. Grande momento!
Existem Empresas na Europa e Japão com alta tecnologia, que bem poderiam se associar a Empresas brasileiras no sistema PPP (Parceria Público Privada). Durante muitos anos a Inglaterra atuou nesse ramo no Brasil. Assim como em Portugal existem os Comboios Rápidos e também os que trafegam em menor velocidade, no Brasil esse procedimento é perfeitamente admissível.

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