Faixa no Corredor Norte-Sul deixa passageiros de ônibus aliviados
Quem usa ônibus aponta economia de tempo nas viagens e aprova medida.
Faixa passou a valer há uma semana; fila para carros é maior.
Motorista decidiu testar as novas faixas exclusivas
(Foto: Letícia Macedo / G1)
(Foto: Letícia Macedo / G1)
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No fim da primeira semana de funcionamento, foi possível encontrar inclusive motoristas que já deixaram os carros em casa para virar passageiro nos mais 10,4 km de faixas.
O motorista Fábio Menezes, de 34 anos, testou o corredor nesta sexta-feira, seu dia de rodízio. Ele mora em Guarulhos, na Grande São Paulo, e trabalha na região de Congonhas, na Zona Sul. “Normalmente eu pego carona, mas hoje vim testar o corredor. Por enquanto, está dentro do previsto”, disse, durante viagem em um ônibus da linha 175T-10 (Metrô Santana – Metrô Jabaquara).
Apesar de não ter reduzido o seu tempo de viagem nesse primeiro teste, o motorista considerou o saldo da experiência positivo e pretende fazer outro teste na próxima semana. “É difícil largar o carro, mas a vantagem é vir relaxado para o trabalho. Também tem a economia de combustível e com a manutenção do carro”, afirmou.
O gerente de engenharia Tadeu de Andrade Belisário, de 30 anos, notou uma piora no trânsito para ir de carro da região central para o trabalho na Zona Sul nos últimos dias, por isso, decidiu testar as novas faixas. “De manhã, eu não senti muita diferença no tempo, não, mas à tarde eu vou voltar de Metrô. Enquanto, eu demoro uma hora e meia de carro para voltar para casa, eu vou gastar 40 minutos de Metrô. Com essa nova faixa, eu pretendo fazer isso às sextas-feiras, quando o trânsito é pior”, afirmou.
“Eu aprovo mais ou menos, porque eu também sou motorista. Para quem anda de carro, o trânsito piorou. Depois que eu vi que [o trânsito] estava um caos, eu decidi vir de ônibus, porque para quem usa o corredor melhorou bastante. Acho que vou optar pelo ônibus, porque ficou mais rápido”, declarou.
A vendedora disse que não calculou se financeiramente a nova opção será mais econômica, mas disse que já conversou com o dono do estacionamento que fica perto do trabalho para cancelar o contrato. “É preciso mudar o conceito, porque se diz que o carro é mais confortável, mas tem todo o estresse de dirigir”, afirmou.
Para o educador, que usa uma muleta, a acessibilidade também é um ponto positivo para os ônibus, embora as paradas não estejam adaptadas. “Por ser deficiente e ter dificuldade para andar, era difícil descer na estação São Joaquim, porque é muito lotada. O problema é que na Avenida 23 de Maio, onde eu desço agora, é a acessibilidade. Onde quer que você desça tem escada. Está sendo mais rápido.”
Passageiros
Para os antigos usuários da linha que conversaram com o G1, as novas faixas tem tornado as viagens mais curtas. A auxiliar de limpeza Cícera Galvão, de 32 anos, que mora na Zona Sul e trabalha na região de Moema, disse que a iniciativa auxilia os ônibus a driblarem parte do trânsito.
A analista de projetos Cintia Luppi, de 30 anos, também considera positiva a iniciativa de privilegiar o transporte público. Ela, que mora no Jardim São Paulo e trabalha na região de Moema, também notou uma redução no tempo em que passava no ônibus.
“Pego o Metrô até Santana e aqui pego o ônibus até o trabalho. Chegava a fazer o trajeto em até duas horas. Depois do corredor, eu estou até saindo mais tarde de casa. Consigo ficar meia hora a mais na cama”, contou. Segundo a analista, uma colega de trabalho que também faz esse trajeto está precisando sair mais cedo. “Agora é a vez de quem anda de carro chegar atrasado”, brincou.
Mais fiscalização
Os motoristas que conversaram com o G1 aprovaram o novo corredor apesar de reclamarem da falta de respeito dos carros de passeio. “Melhorou 70%, está fluindo bem, mas o pessoal não está respeitando muito ainda Eles só respeitam quando veem o guarda na calçada”, diz o motorista Wagner Pedrosa Mantovani, de 50 anos, que faz há três anos a mesma linha.
O motorista Silvio Cesar de Oliveira, 30 anos, concorda com o colega. “Melhorou demais. Tinha dia em que eu fazia um trecho de Santana até o Ibirapuera em uma hora e 20 minutos. Agora eu consigo fazer até em 35 minutos. Basta o pessoal dos carros de passeio começarem a respeitar. Ainda tem muito motorista dando uma de esperto. O ideal seria que a faixa fosse do lado esquerdo na 23 de Maio e na Washington Luís”.
O motorista Jobi Antonio Campos, de 41 anos, cobra, no entanto, mais fiscalização e multas para motoristas que não respeitem a sinalização. “A faixa exclusiva no Corredor Norte-Sul é maravilhosa. Só precisa multar quem não respeita”, disse.
Corredor e multas
A Companhia de Engenharia e Tráfego (CET) não tem previsão de quanto começará a aplicar multas em motoristas infratores. Após essa fase de orientação, os infratores levarão multa de R$ 53 e perderão três pontos na carteira de habilitação.
A exclusividade para o transporte coletivo nas novas faixas valem de segunda a sexta-feira, das 6 às 22 horas. A iniciativa faz parte da Operação Dá Licença para o Ônibus, que tem como objetivo priorizar a circulação do transporte coletivo na cidade, que é uma promessa de campanha do prefeito Fernando Haddad (PT). Ele determinou até o final do ano a instalação de 220 km de faixas exclusivas para ônibus nas principais vias da cidade, para tentar melhorar a fluidez no trânsito dos coletivos.
No novo trecho, circulam 24 linhas de ônibus municipais no sentido Centro, que transportam 235.375 passageiros por dia útil, e 22 linhas no sentido bairro, que transportam 234.985 usuários por dia útil. Esses novos trechos são sequenciais ao trecho que foi inaugurado no fim de julho, da região da Praça Campo de Bagatelle até a entrada do túnel do Anhangabaú. Após inauguração, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) registrou aumento de 58% na velocidade dos ônibus no Corredor Norte-Sul.
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