Ativistas invadem a Câmara e fazem baderna
iG Paulista - 08/08/2013 00h33 |Felipe Tonon | felipe.tonon@rac.com.br
Foto: Janaína Maciel/AAN
Cerca de 100 manifestantes ocuparam a Câmara de Vereadores de Campinas, na noite desta quarta-feira (7)
Cerca de 100 manifestantes ocuparam a Câmara de Vereadores de Campinas, na noite desta quarta-feira (7)
O plenário foi tomado e a sessão, encerrada. Alguns ativistas que estavam mascarados quebraram cadeiras, mesas e picharam paredes, além de criar uma barricada nas portas que dão acesso aos gabinetes com mesas, cadeiras e fios. Integrantes do movimento também penduraram faixas, retiraram bandeiras e subiram nas mesas.
A Tropa de Choque teve de ser acionada. O presidente da Casa, Campos Filho (DEM), fez pedido de reintegração de posse ainda nesta quarta. Por volta das 23h45 o tenente-coronel Nelson Vicente Coelho decidiu conduzir o grupo à delegacia em dois ônibus, por desobediência e depredação, com a presença da imprensa, após uma tentativa frustrada de retirada pacífica.
Apenas nove manifestantes tinham aceitado a condução à polícia. Os demais resistiam à tentativa de negociação para sair do plenário e muitos eram retirados arrastados, sem o uso de armas. Os ativistas eram retirados um a um e uma jovem chegou a chutar policiais. Depois de 40 minutos de atuação da polícia para a retirada, o prédio foi desocupado, por volta da 0h30 desta quinta (8).
O grupo que tomou o plenário é formado por vários movimentos e também exibiram bandeiras do PSTU e do JSOL, um coletivo ligado ao PSOL. Por alguns minutos, alguns vereadores ainda transitaram entre os manifestantes, mas depois subiram para a sala da Presidência para se proteger e estudar propostas a serem apresentadas aos invasores.
Com uma paralisação iniciada nesta quarta pela Guarda Municipal (GM), a entrada dos manifestantes foi facilitada. No momento da invasão, apenas seis guardas protegiam a Casa.
A ideia do movimento, antes da entrada da Tropa de Choque, era acampar na Câmara. Eles receberam comida, água e pediram colchões para passar a noite no local. Entre as reivindicações do grupo estão o passe livre para estudantes e a realização de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Transportes.
Os manifestantes levaram um boneco de pano para representar o secretário de Transportes, Sérgio Benassi. Segundo Bruno Modesto, do movimento Domínio Público, o boneco seria queimado como pedido da saída do secretário da pasta.
A concentração do protesto começou por volta das 17h30 no Largo do Rosário, no Centro. Às 18h15, eles saíram em passeata, bloqueando várias avenidas importantes da cidade até chegarem à Câmara, que foi invadida por volta das 19h30.
“Em um mês, só cinco vereadores assinaram a favor da CPI dos Transportes. Esse protesto é para pressionar os vereadores quanto a isso e para pedir o passe livre para os estudantes. Quando ficamos acorrentados na Câmara os vereadores ficaram de estudar nossas propostas, e estamos cobrando isso”, disse Gabriel Merlotto, do movimento Domínio Público. “Queremos transparência nos contratos e licitações”, afirmou Otávio de Almeida Mancuso, do movimento Juntos.
Na área que dá acesso aos gabinetes, antes dos atos de vandalismo, houve clima de tensão entre os vereadores. O Choque foi acionado muito tempo depois da ocupação.
Após a chegada do reforço policial, por várias vezes, o presidente da Câmara tentou abrir negociação com os manifestantes, mas foi hostilizado porque queria apenas um representante de cada movimento. O pedido não foi aceito pelos manifestantes, que queriam que Campos Filho fosse até eles para negociar.
Para o vereador Paulo Bufalo (PSOL, um dos partidos que apoia o movimento), a aproximação entre os partidos de esquerda e os movimentos é natural, uma vez que os partidos vão se identificando com a pauta de reivindicações.
O presidente da legenda em Campinas, Arley Medeiros, também participou da invasão, que diz apoiar. Afirmou, porém, que é a favor de uma autonomia do grupo em relação a partidos políticos. “A juventude está pedindo, está lutando faz tempo e ninguém dá ouvido. Uma hora, ela cansa e faz o que está fazendo”, disse.
Colaborou Milene Moreto/AAN
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