sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

NOSSAS AUTORIDADES PRECISAM MANTER A LINHA DURA CONTRA OS MOTORISTAS QUE GUIAM EMBRIAGADOS. QUANTAS MORTES PODERÃO EVITADAS?

Rio de Janeiro faz 22 vezes mais testes do bafômetro que São Paulo.

Estado do Rio fez, em média, 870 testes por dia este ano, contra 39 realizados nas vias paulistas


Por Clarice Sá e Nina Ramos- iG São Paulo e iG Rio | - Atualizada às



Um ano após o endurecimento das regras da Lei Seca, o Estado do Rio de Janeiro é apontado como exemplo na fiscalização dos motoristas, realizando 22 vezes mais testes do bafômetro que São Paulo. No Rio, a Operação Lei Seca levou 305.442 condutores a passarem pelo teste desde 1º de janeiro até 17 de dezembro. Uma média de 870 por dia. Em São Paulo, 12.260 foram testados nas blitze do Programa Direção Segura entre os dias 8 de fevereiro e 14 de dezembro - com 39 abordagens diárias, em média.

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Dudu Nobre passa por blitz da Lei Seca. Foto: Instagram/ReproduçãoSergio Mallandro faz o teste do bafômetro. Foto: Instagram/ReproduçãoIvo Meirelles. Foto: Instagram/ReproduçãoJoana Prado é parada na blitz da Lei Seca e faz teste do bafômetro. Foto: Instagram / ReproduçãoThammy Miranda foi abordada pela Blitz da Lei Seca nessa terça-feira (14), no Rio. "Ainda bem que eu não bebo", escreveu a atriz na legenda da imagem. Foto: Reprodução/InstagramPreta Gil. Foto: Instagram/ReproduçãoFernanda Paes Leme jantou com amigos no Rio, e no cominho para casa foi parada na blitz da Lei Seca. Foto: AgNewsSheron Menezzes foi pega na blitz da Lei Seca e passou no teste do bafômetro. Foto: Twitter/Reprodução
Dudu Nobre passa por blitz da Lei Seca. Foto: Instagram/Reprodução
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Este ano, 65.695 motoristas foram multados no Rio por embriaguez ao volante. Uma média de 187 multas e 2,3 condutores responsabilizados criminalmente por dia. Em São Paulo, foram 1.188 multas e 239 motoristas criminalizados. A média diária é de 3,8 multas e 0,7 condutores sob risco de cumprir pena de prisão.
Rogério Santana
No Rio, 305.442 passaram pelo teste do bafômetro em 2013. Em SP, foram 12.260
“O Rio de Janeiro deu realmente um tratamento muito especial que foi o de ‘não tem carteirada aqui’. Se você olhar, é impressionante o número de políticos, autoridades, globais, personalidades pegas em flagrante, dirigindo em condições ilegais por excesso de álcool”, afirma o especialista em trânsito João Pedro Corrêa, criador do Programa Volvo de Segurança no Trânsito.
“O Rio encarna melhor o espírito que devia prevalecer em todo o Brasil. Eles acharam uma malandragem carioca para driblar o ‘jeitinho’ e isso realmente é uma coisa excepcional em favor de uma causa maior que é a segurança”, afirma. Ele conta que o resultado das blitze contribuíram para que o coordenador geral da fase inicial da operação, Carlos Alberto Lopes, se elegesse deputado federal.
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As blitze da Operação Lei Seca acontecem no Rio desde 2009. Foram resposta às alterações de 2008 no Código de Trânsito, quando se estabeleceu limite de 0,2mg/l de álcool por litro de ar expelido pelo motorista no teste do bafômetro, multa de R$ 955, cassação da licença por um ano e retenção do veículo.
As novas regras, sancionadas pela presidente Dilma Rousseff em 20 de dezembro de 2012, são ainda mais rígidas. A multa por embriaguez ao volante aumentou para R$ 1.915,40 e vale o dobro em caso de reincidência no período de um ano. O motorista é autuado com qualquer quantidade de álcool no sangue e responde criminalmente se houver concentração igual ou maior a 0,34 miligrama de álcool por litro de ar expelido no bafômetro. Se condenado, pode cumprir pena de seis meses a três anos de prisão.

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O coordenador da Operação Lei Seca, major Marco Andrade, comemora a queda de 34% no número de motoristas flagrados sob efeito de álcool em 2013, em relação a 2012. “Desde 2009, a Operação Lei Seca está nas ruas de forma constante e permanente, por isso, a população já vinha se adaptando a essa realidade”, afirma. Este ano, segundo Andrade, foram intensificadas a interiorização da fiscalização, que abrange 25 municípios, e as ações de educação, 40 deles.
Em todo o País, caiu 9% o número de indenizações por mortes no trânsito pagas pelo Seguro DPVAT de janeiro a setembro de 2013 na comparação com 2012. Foram 41.761 este ano contra 45.769 no ano passado.
No Rio, o recuo é de 6% - o total passou de 3.218 para 3 mil no mesmo período. Em São Paulo, a queda é de 14%. Foram pagas 8.575 indenizações de janeiro a setembro do ano passado e 7.382 no mesmo período deste ano.
Nas vias paulistas, a Operação Direção Segura começou no carnaval de 2013, pouco depois da entrada em vigor das novas regras. Além da fiscalização, o programa prevê ações educativas. A meta é expandir gradativamente a aplicação do programa aos mais de 600 municípios do estado de São Paulo. Além disso, o Estado ainda conta com as ações de fiscalização regulares da Polícia Militar para coibir a embriaguez ao volante.
Na avaliação do Detran-SP, o maior desafio do programa é mudar o hábito dos motoristas. Em pesquisa online realizada pelo órgão este ano, com mais de 600 pessoas, 25% dos entrevistados admitiram que assumem a direção embriagados ao sair à noite na capital paulista.
Desde março, o grupo de trabalho “Mobilidade Urbana Noturna” estuda alternativas para ampliar e estimular o transporte público noturno. Desde setembro, 15 linhas de ônibus intermunicipais tiveram horário estendido para atender baladeiros da capital e da Grande São Paulo que querem evitar problemas com a Lei Seca.
Beto Martins/Futura Press
Número de indenizações por mortes no trânsito caiu 9% em todo o País até setembro de 2013

O custo dos acidentes de trânsito no País é de cerca de R$ 50 bilhões por ano, de acordo com levantamento do Núcleo de Estudos de Segurança do Trânsito (Nest) da USP, com base em dados do Ipea. O número inclui, entre outros gastos, danos materiais, despesas médicas, aposentadorias precoces, tratamento de vítimas e despesas de funeral. Em 2011, 43.256 pessoas perderam a vida no trânsito brasileiro, de acordo com o Ministério da Saúde.
Para reverter este quadro, os especialistas apontam a necessidade de manter a fiscalização no longo prazo, associada a programas de educação no trânsito, estratégias de comunicação e medidas de engenharia - como sinalização, semaforização e ajustes viários. É o que costuma acontecer em países desenvolvidos, com índices de mortalidade que chegam a ser mais de dez vezes menores que o do Brasil.
Severino Silva / Agência O Dia
Em 2011, 43.256 morreram no trânsito no País
Um dos parâmetros de comparação entre os estragos provocados pelo trânsito em todo o mundo é o número de mortes por bilhão de quilômetros rodados pela frota de veículos rodoviários por ano. Segundo balanço do Nest, o Brasil registra 54,84 mortes, 12 vezes mais que a Suécia, com apenas 4,4 - menor índice do planeta. Quinto no ranking, os EUA registram índice de 7,1. A França, que nos últimos dez anos implementou trabalho integrado de segurança no trânsito, o índice é de 7,75.

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“Se você fiscalizar adequadamente a Lei Seca e associar isso a ações de engenharia, sinalização e sobretudo e ações de educação, você consegue bons resultados”, afirma o professor Coca Ferraz, coordenador do Nest. Para João Pedro Correa, a fiscalização da Lei Seca, nas duas novas fases, perdeu a força logo após os três primeiros meses de mudança. “A regra é mais dura, mas a fiscalização é muito mole. Essas coisas são assim, se o gato der bobeira, o rato faz a festa.”
Em Porto Alegre, a Operação Balada Segura, implantada em abril de 2011, abrange 20 cidades, onde vive 35% da população do Estado. O programa reduziu o número de mortes em 6,4% e o de vítimas fatais em 5,6% de janeiro a outubro de 2013, na comparação com 2012.

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Correa diz que, ainda que a Lei Seca tenha um papel fundamental na redução do número de vítimas do trânsito, o principal problema das vias brasileiras ainda é a velocidade. “Um bêbado a 5 km/h não traz muito problema, mas a 100 km/hora faz um estrago apreciável.”
O trânsito é a segunda maior causa de mortes não naturais no País, atrás apenas do homicídio, de acordo com o Ministério da Saúde. Entre 2002 e 2012, o número de internações provocadas por acidentes de trânsito cresceu 42%, de 102 mil para 159,2 mil. O gasto do sistema de saúde quase triplicou. Em 2002, foram R$ 79,1 milhões e em 2012, R$ 211 milhões.

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