terça-feira, 15 de janeiro de 2013

UMA FIGURA BRASILEIRA LENDÁRIA NO CAMPO DO ALPINISMO: RODRIGO RAINERI

Rodrigo Raineri : “Subi duas vezes ao pico do Everest” O alpinista Rodrigo Raineri fala das lições que tirou de suas escaladas à montanha mais alta do planeta RODRIGO RAINERI, EM DEPOIMENTO A NATHALIA ZIEMKIEWICZ "Nasci em Ibitinga, no interior de São Paulo, e sempre morei em sítio. Desde criança, era louco pela natureza e pelos esportes que a envolviam. Comecei a escalar em 1998, tive experiências em rocha e gelo. Ao contrário do que muitos pensam, o alpinismo não tem nada de aventura irresponsável. Existe uma logística enorme, com medição de riscos e anos de treinamento técnico, físico e mental. Fico temporadas num spa médico, onde faço horas de musculação e exercícios aeróbicos, tenho acompanhamento de fisioterapeutas e outros profissionais. Aproveito a geografia do entorno, na cidade de Lapa, no Paraná, para praticar trilhas e escaladas. E descanso a cabeça, algo fundamental para encarar um desafio desses. RODRIGO RAINERI Alpinista, de 43 anos. Autor de No teto do mundo, (com Diogo Schelp, Editora Leya). Ele se prepara para a terceira expedição ao Everest. Na foto, no cume da montanha em 2011 (Foto: divulgação) Para nos aclimatarmos ao local, montamos acampamento dois meses antes. Conhecemos bem o terreno antes de subir etapa por etapa. Acima dos 8.000 metros de altitude, os pulmões ardem com a dificuldade de respirar, os ventos passam de 70 quilômetros por hora, e a sensação térmica pode chegar a 70 graus negativos fora da barraca. Há imprevistos, como blocos de gelo que se desprendem da montanha e levam o que estiver no caminho. Em 2005, a poucos metros do pico do Everest, tive de desistir, porque os dedos do meu pé congelaram. Nesses casos, às vezes, é preciso amputar. Daquela vez, foi uma vitória ter enfrentado meus limites. Percebi que recuar, naquele momento, era o melhor a fazer. Depois, perdi meu parceiro Vitor Negreti para o Everest, amigo havia 18 anos. Ele morreu durante a escalada, depois de atingir o topo sem uso de oxigênio suplementar. Odiei aquela montanha por anos. Foi um longo aprendizado interno, até perceber que não adiantava atribuir a culpa a ela. Precisava superar a dor e não desistir de meus sonhos. Em 2008, estava lá de volta e alcancei o cume. Comando toda a equipe, composta de profissionais como cozinheiros e guias auxiliares, que me dão respaldo ao longo da rota. Enquanto durmo literalmente pendurado, a solidão pesa: penso muito em minha mulher e em meu filho. Apesar de o corpo exigir mais calorias que o normal, a comida é racionada. Perdi 15 quilos numa única expedição. Por causa das dificuldades de uma escalada, você passa a valorizar coisas banais em seu dia a dia, como água corrente e banho quente. Até a fauna e a flora de sua rotina parecem incríveis depois de experimentar a paisagem monocromática das nuvens e da neve. Voltei em 2011 ao Everest para ser o primeiro brasileiro a alcançar o cume duas vezes. Outra lição que tirei desse desafio é que, lá em cima, o racional se sobrepõe ao emocional por instinto de sobrevivência. É difícil tomar decisões quando a falta de oxigênio atrapalha seu desempenho físico e mental. Excesso de confiança já derrubou muita gente experiente. Agora, me preparo para a terceira expedição, prevista para março de 2013, com descida de parapente do pico da montanha. Voar é outro dos meus prazeres como atleta. Quero sentir o Everest de outro jeito, desta vez planando sobre aquele cenário." OBS: A PRÁTICA DO ALPINISMO CRIA UMA INTERAÇÃO INDISSOLÚVEL ENTRE O ESPORTISTA E O AMBIENTE. NA VASTAS E INÓSPITAS REGIÕES DA CORDILHEIRA DO HIMALAIA, OS AUDACIOSOS ESCALADORES DO MAIOR PICO DO PLANETA, DEVEM MEDITAR SOBRE AS ASNEIRAS QUE SÃO FEITAS PELAS NAÇÕES E PELOS POVOS, AGREDINDO E JUDIANDO DA NATUREZA, DERRUBANDO FLORESTAS, POLUINDO OS RIOS, POLUINDO OS MARES, POLUINDO A ATMOSFERA. A GANÂNCIA INJUSTIFICÁVEL FAZ COM QUE CIDADÃOS E GRANDES EMPRESAS, A TROCO DE DINHEIRO, DESTRUAM AS BELEZAS QUE TEMOS NA TERRA.

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