segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

A LOCOMOTIVA DA EUROPA PODE EMPERRAR

Alemanha sob os efeitos da crise econômica
Publicado em 31-Jan-2013

(artigo publicado no Brasil Econômico em 31.01.2013)

Os indicadores negativos da economia alemã, divulgados recentemente, e a derrota do partido da chanceler Angela Merkel na região da Baixa Saxônia nas eleições estaduais realizadas neste começo de ano, sinalizam os riscos de o país se manter como grande fiador da receita de austeridade imposta à Zona do Euro.

A Alemanha encerrou o ano em forte desaceleração no último trimestre - o PIB teve recuo de 0,5% - e fechou 2012 com crescimento de apenas 0,7%, frente a 3,1% em 2011.

Esses números somados ao anúncio de que o crescimento em 2013 ficará em 0,4%, contrariando expectativas mais favoráveis, evidenciam aquilo que autoridades no mundo inteiro já se cansaram de prever: a Alemanha tem muito a perder ao arrastar as economias europeias para a recessão.

Mas, deslocando-se do colapso na vizinhança, especialmente por manter superávits comerciais com China, Rússia e EUA, a economia alemã, fortemente ancorada nas exportações, uma hora irá se ressentir. Até porque 60% de seu mercado de exportação encontra-se no próprio continente, sendo 40% na Zona do Euro.

Assim, quando impõem aos países em crise uma agenda econômica baseada no aperto fiscal e nos cortes orçamentários, além do socorro ao grande capital - um poço sem fundo que, segundo dados da Comissão Europeia, já consumiu só em gastos governamentais mais de US$5 trilhões -, os alemães criam um problema que, cedo ou tarde, terão de compartilhar.

Em partes, começam a assumir que a depressão dos investimentos públicos e privados que gera recessão e níveis recordes de desemprego em países como Portugal e Espanha, Grécia e Irlanda não é uma questão só dos espanhóis, portugueses, gregos e irlandeses.

Dadas as previsões nada otimistas de organismos como o FMI e o Banco Mundial, de riscos de uma nova recessão, e do alerta da ONU, advertindo que as políticas ortodoxas não constituem alternativa para recuperar a economia e conter o desemprego, em algum momento terão de rever a estratégia.

O bom desempenho do PIB alemão nos últimos dois anos, após ter se recuperado da queda colossal de 2009 - quando contraiu 5% -, vinha mantendo a economia sob certo otimismo; expectativa que se reverte ante este cenário negativo.

O próprio governo já admitiu que a crise da dívida na Zona do Euro continua sendo "o maior risco" ao desempenho econômico alemão.

Em partes, começam a assumir que a depressão dos investimentos públicos e privados que gera recessão e níveis recordes de desemprego em países como Portugal e Espanha, Grécia e Irlanda não é uma questão só dos espanhóis, portugueses, gregos e irlandeses.

Terão de admitir que sem estimular o crescimento e a criação de empregos, estarão praticando "austericídio" - como bem cunhou o diário espanhol El País -, uma política fadada ao fracasso e de alto custo social.

As incertezas e inseguranças que já começam a cobrar um preço alto dos alemães em termos de desempenho econômico também podem impor à chanceler alemã importantes custos políticos.

A derrota de seu partido, o União Democrata Cristã (CDU), na Baixa Saxônia - região considerada um termômetro da política nacional - foi um duro revés para Merkel, que tentará um terceiro mandato nas eleições federais que ocorrerão em setembro deste ano.
As incertezas e inseguranças que já começam a cobrar um preço alto dos alemães em termos de desempenho econômico também podem impor à chanceler alemã importantes custos políticos.

A derrota de seu partido, o União Democrata Cristã (CDU), na Baixa Saxônia - região considerada um termômetro da política nacional - foi um duro revés para Merkel, que tentará um terceiro mandato nas eleições federais que ocorrerão em setembro deste ano.

Talvez, somente assim, sob os efeitos didáticos da crise, a Alemanha perceba que, definitivamente, não está imune aos seus riscos.

OBS: TRASCRITO DO BLOG DO ZE´ DIRCEU.

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