terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

ESTIVADORES SE ARTICULAM A NÍVEL NACIONAL PARA MANTER A TRADIÇÃO PORTUÁRIA,

Texto atualizado em 15/04/2008 - 00:22
Estiva quer garantir trabalho nos portos
por Rosângela Ribeiro Gil *
“Família estiva”. Era assim que o ex-presidente do Sindicato dos Estivadores de Santos, Vanderlei José da Silva, gostava de se referir à categoria. Hoje, essa família, ao que parece, está ameaçada por terra e mar. Os estivadores lutam para manter o mercado de trabalho.
Em entrevista especial à coluna Debate Sindical, o presidente da Federação Nacional dos Estivadores, Wilton Ferreira Barreto, carioca e com 30 anos de estiva, fala sobre a greve nacional que começaria nesta segunda-feira (14), mas foi cancelada de última hora, e sobre os principais problemas que a categoria enfrenta hoje nos portos brasileiros, especialmente em Suape (PE) e Itajaí (SC).
Debate Sindical – A estiva do Brasil tinha uma greve nacional marcada para o dia 14 de abril. Por que o movimento foi cancelado?
Wilton Ferreira Barreto – O movimento não foi cancelado. Ele foi adiado em função de termos sido chamados pela Secretaria Especial de Portos, por intermédio do coronel Pimentel, que é assessor direto do ministro Pedro Brito, e ter aberto um canal de negociação no sentido de iniciarmos entendimentos para a nossa pauta de reivindicações.
Debate Sindical – Quais os itens dessa pauta?
Wilton Ferreira Barreto – Seria o problema do (porto) Rio de Janeiro, do Porto de Suape, em Pernambuco, e Porto de Navegantes, em Itajaí (SC). Então, esse canal de negociação foi aberto e foi feito um calendário de reunião, só que a Libra Terminais do Rio de Janeiro, de uma forma precipitada e sem ouvir ninguém, achou por bem contratar os trabalhadores avulsos como mão-de-obra vinculada. Então, nós tivemos agora (na manhã desta segunda-feira, 14) uma audiência novamente com o coronel Pimentel, no sentido de abrir um canal de negociação com a Libra Terminais.
Debate Sindical – Nessa reunião foi definido chamar a empresa para discutir o assunto, tendo a SEP como intermediária nessas negociações?
Wilton Ferreira Barreto – Com certeza. Nós ficamos de conversar nesta terça-feira (15), com o compromisso do diretor-presidente da Libra Terminais do Rio de Janeiro, doutor Bechara, de nos atender para que se possa abrir um canal de negociação.
Debate Sindical – E em relação aos outros que o senhor citou, como está o andamento da discussão?
Wilton Ferreira Barreto – Nos outros portos o que está acontecendo? O presidente do Porto de Itajaí fez parte da comitiva do presidente Lula nessa viagem a Holanda, onde estavam presentes o ministro Pedro Brito, o presidente da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e outras autoridades, e na oportunidade foi iniciada uma negociação para discutir a questão do Porto de Navegantes. Na questão do Porto de Suape, a Secretaria (Especial de Portos) já está entrando em contato com o diretor-presidente do terminal de Tecon-Suape, em Pernambuco, para agendarmos uma reunião e chegarmos a um denominador comum.
Debate Sindical – E qual seria esse denominador comum?
Wilton Ferreira Barreto – A contratação, a requisição dos trabalhadores avulsos para trabalhar dentro dos terminais.
Debate Sindical – Pelo Ogmo (Órgão Gestor de Mão-de-Obra)?
Wilton Ferreira Barreto – Claro. Até porque Suape está totalmente dentro da área do porto organizado. Itajaí, lá em Navegantes, está totalmente dentro da área do porto organizado. No Rio de Janeiro, a Libra está totalmente dentro da área do porto organizado. É porto público. Ele (o terminal da Libra) tem de obedecer a proporcionalidade que existia. Enfim, existia um convívio amistoso com os trabalhadores. Então, não entendemos esse comportamento da Libra agora no Rio de Janeiro. Mas nós vamos procurá-los.
Debate Sindical – Vocês tiveram um grande encontro em Itajaí, onde foi definida greve nacional da estiva a partir do dia 14 de abril. Quais as reivindicações?
Wilton Ferreira Barreto – A greve seria pela aposentadoria especial, que é o que nos aflige. É pela situação do Porto dos Navegantes. É pela não requisição dos trabalhadores no Porto de Suape. E, agora, pela situação no Porto do Rio de Janeiro. Nós queremos o uso da mão-de-obra avulsa dentro dos terminais. Nós queremos a aposentadoria especial porque nós trabalhamos num ambiente super insalubre, super penoso. Os trabalhadores que trabalham nos portos estão sendo discriminados na questão da aposentadoria especial.
Debate Sindical – A estiva pode parar ainda?
Wilton Ferreira Barreto – Pode. Se não houver o entendimento, obviamente nós vamos reunir a categoria nacionalmente, mas nós acreditamos no governo, nós acreditamos nas autoridades, nós acreditamos que se sentarmos à mesa (de negociação) chegaremos a um entendimento, porque a relação capital-trabalho estamos caminhando dentro daquilo que o governo Lula quer, que é mais emprego, nós queremos mais desenvolvimento, nós queremos produzir mais, nós queremos aumentar o volume de exportação, aumentar o PIB. E só com os trabalhadores avulsos, que são uma categoria centenária, é que vamos construir um País mais forte. Vamos construir um País digno de ser respeitado pelo comércio exterior.
 
 
 

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