'Bispo da ostentação' que gastou milhões é suspenso pelo Vaticano
Atualizado em 23 de
outubro, 2013 - 12:44 (Brasília) 14:44 GMT
O Vaticano suspendeu nesta quarta-feira por tempo indeterminado
um bispo alemão que ficou conhecido na mídia internacional como "bispo da
ostentação" (bling, em inglês, em referência a um termo usado para
descrever o comportamento perdulário de rappers, que gastam dinheiro em
limusines, mansões e joias).
O bispo de Limburg (diocese no oeste da Alemanha onde fica Frankfurt),
Franz-Peter Tebartz-van Elst, é acusado de gastar mais de 31 milhões de euros
(equivalente a mais de R$ 90 milhões) para renovar sua residência oficial.Dispensa 'apropriada'
O Vaticano diz na nota que é "apropriado dar um tempo de dispensa da diocese" ao bispo."Foi criada uma situação na qual o bispo não tem mais condições de conduzir suas tarefas episcopais."
O líder do maior grupo católico alemão, Alois Glueck, elogiou a decisão do Vaticano.
"A decisão do Papa Francisco oferece uma chance para um primeiro passo em direção a um recomeço para a diocese de Limburg, porque esta situação toda se tornou muito pesada para os fiéis daqui e de toda a Alemanha nas últimas semanas."
Repercussão
As ações de Tebartz-van Elst tiveram grande repercussão entre os alemães.No país, muitos pagam um imposto ao governo que é repassado à Igreja. Em 2012, esse tributo arrecadou 5,2 bilhões de euros para os católicos e 4,6 bilhões de euros para os protestantes.
O "bispo da ostentação" é acusado de mentir sob juramento sobre gastos incorridos com o dinheiro da diocese.
A Alemanha é o berço da Reforma Protestante liderada por Martinho Lutero (1483-1546), teólogo que questionou a prática da Igreja Católica da época de conceder indulgências (perdões aos pecados) em troca de dinheiro.
Segundo o correspondente da BBC em Roma, Alan Johnston, o Papa Francisco já demonstrou que sua intenção é sanear todas as contas da Igreja Católica e não tolerar este tipo de comportamento.
Desde que assumiu o pontificado, em março, Francisco tem ressaltado a importância da humildade e do respeito aos mais pobres, além de ter, ele próprio, abdicado de várias regalias a que teria direito como autoridade máxima da Igreja Católica.
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