quinta-feira, 10 de outubro de 2013

A TRUCULÊNCIA TUCANA, DEFENDE LEI CRIADA NA DITADURA.

09 de Outubro de 2013 atualizado às 20h02

Serra defende uso de lei criada na ditadura contra manifestantes

"Não vejo porque movimento tenha que envolver tropas organizadas, mascarados. Sinceramente, não tem cabimento", disse em Porto Alegre

Serra durante entrevista antes de falar com empresários em Porto Alegre Foto: Daniel Favero / Terra
Serra durante entrevista antes de falar com empresários em Porto Alegre
Foto: Daniel Favero / Terra
  • Daniel Favero
    Direto de Porto Alegre
 O ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) defendeu, nesta quarta-feira, a aplicação da Lei de Segurança Nacional, promulgada em 1983, durante o regime militar, contra manifestantes envolvidos em episódios de violência ocorridos em São Paulo no começo da semana. "Eu acho que tem que fazer, porque violência, arrebentar equipamentos privados e públicos... Eu fui um dos grandes dirigentes de greve no Brasil quando era líder estudantil, e não me lembro de quebra-quebra. Não existia, não entrava nem na pauta. Eu não vejo porque movimento moderno tenha que envolver tropas organizadas, mascarados. Sinceramente, não tem cabimento", disse Serra antes de palestrar para empresários em Porto Alegre.

 
Humberto Caporalli, 24 anos, e Luana Bernardo Lopes, 19 anos, foram enquadrados na Lei de Segurança Nacional durante os protestos do início da semana, acusados de contribuir com a destruição de um carro da Polícia Civil. A legislação prevê de três a 10 anos de reclusão, citando "prática de sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações, meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas, barragem, depósitos e outras instalações congêneres".

Segundo o advogado que representa o casal, Daniel Biral, o Brasil vive um Estado de exceção com a suspensão dos direitos e garantias constitucionais. "São vários pontos que nós tentamos enfrentar tecnicamente. Como um secretário de Estado vai falar sobre lei federal? Tem algumas coisas que têm que ter uma atenção maior por parte de todos. Enfrentamos um Estado de exceção. Quando o próprio Estado diz que manifestações políticas estão afrontando o Estado democrático de direito, quer dizer que a ruptura constitucional está sendo realizada pelo próprio Estado", disse o representante legal.

Serra disse que um dos aspectos positivos das manifestações foi o ineditismo de um movimento que reclamou "pela qualidade do investimento público. Foi histórico isso, o padrão Fifa", afirmou, completando ainda que a violência "vai acabar com a essência do movimento, se intensificado da forma como está".
Atos a favor dos professores reúnem manifestantes no Rio e em SP

Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.

A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.

A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.

A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.

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