quarta-feira, 23 de outubro de 2013

UMA NAÇÃO RICA, JUNTO AO CÍRCULO POLAR ARTICO. TERRA DOS GÊISERES E DOS VULCÕES

Islândia

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Ísland
Islândia
Bandeira da Islândia
Brasão de armas da Islândia
BandeiraBrasão de armas
Hino nacional: Lofsöngur
("Canção de louvor")
Gentílico: Islandês1

Localização da Islândia

Localização da Islândia na Europa (em verde)
CapitalReiquiavique
64°08' N 21°56' W
Cidade mais populosaReiquiavique
Língua oficialIslandês
GovernoRepública parlamentarista
- PresidenteÓlafur Ragnar Grímsson
- Primeiro-ministroSigmundur Davíð Gunnlaugsson
- Presidente do ParlamentoÁsta Ragnheiður Jóhannesdóttir
Independênciada Dinamarca
- Direito de Governo1 de fevereiro de 1904
- Reconhecida1 de dezembro de 1918
- República17 de junho de 1944
Área
- Total103 000 km² (107.º)
- Água (%)2,7
População
- Estimativa de 2012319 575 hab.
- Densidade3,1 hab./km²
PIB (base PPC)Estimativa de 2012
- TotalUS$ 12,831 bilhões*2
- Per capitaUS$ 39.2232
PIB (nominal)Estimativa de 2012
- TotalUS$ 13,654 bilhões*2
- Per capitaUS$ 41.7392
IDH (2012)0,906 (13.º) – muito elevado3
Gini (2005)25,0
MoedaCoroa islandesa (ISK)
Fuso horárioGMT (UTC0)
- Verão (DST)(UTC+1)
Org. internacionaisONU, AELC, OCDE, OTAN
Cód. ISOISL
Cód. Internet.is
Cód. telef.++354
Website governamentalSítio do governo islandês, em inglês

Mapa da Islândia
Islândia (em islandês: Ísland; AFI: [ˈislant]) é um país nórdico insular europeu situado no Oceano Atlântico Norte.4 O seu território abrange a ilha homônima e algumas pequenas ilhas no oceano Atlântico, localizadas entre a Europa continental e a Groenlândia. O país conta com uma população de quase 320 mil habitantes em uma área de cerca de 103 mil quilômetros quadrados.5 A sua capital e maior cidade é Reiquiavique, cuja área metropolitana abriga cerca de dois terços da população nacional. Devido à sua localização na dorsal meso-atlântica, a Islândia tem uma grande atividade vulcânica e um importante gradiente geotérmico, o que afeta muito a sua paisagem. O interior é constituído principalmente por um planalto caracterizado por campos de areia, montanhas e glaciares. Aquecida pela corrente do Golfo, a Islândia tem um clima temperado em relação à sua latitude e oferece um ambiente habitável.
Segundo Landnámabók, o povoamento da Islândia começou em 874, quando o chefe norueguês Ingólfur Arnarson se tornou o primeiro morador norueguês permanente da ilha.6 Outros exploradores, como Naddoddr já a tinham visitado antes, mas ficaram lá apenas durante o inverno. Nos séculos seguintes, os povos de origem nórdica e céltica instalaram-se no território da Islândia. Até ao século XX, a população islandesa era fortemente dependente da pesca e da agricultura e o território do país era, entre 1262 e 1918, parte das monarquias norueguesa e, mais tarde, dinamarquesa. No século XX, a economia e o sistema de proteção social da Islândia desenvolveram-se rapidamente e, nas últimas décadas, o país tem implementado o livre comércio no Espaço Econômico Europeu, acabando com a dependência da pesca e partindo para novos domínios econômicos no setor de serviços, finanças e de vários tipos de indústrias. A Islândia tem uma economia de livre mercado com baixos impostos em comparação com outros países da OCDE.7
A Islândia possui uma sociedade desenvolvida e tecnologicamente avançada cuja cultura é baseada no patrimônio cultural das nações nórdicas. A herança cultural do país inclui a cozinha tradicional islandesa, a poesia e as sagas islandesas medievais. Nos últimos anos, a Islândia tornou-se uma das nações mais ricas e desenvolvidas do mundo, tendo sido classificada pela Organização das Nações Unidas como o terceiro país mais desenvolvido do mundo.8 Em 2008, entretanto, o sistema bancário do país falhou, causando contração econômica significativa, que fez com que o país perdesse várias posições na lista dos países com maior PIB per capita,9 além de dar início a uma agitação política que levou à antecipação das eleições parlamentares, fazendo de Jóhanna Sigurðardóttir a nova primeira-ministra do país.10

Etimologia

Ísland é um vocábulo que provém da língua nórdica antiga, que significa "terra do gelo".11 Entretanto, o primeiro nome do país foi Snæland (terra de neve), cunhado pelo navegador viking Naddoddr, um dos primeiros povoadores das Ilhas Feroe. Gardar Svavarsson, um dos primeiros islandeses, rebatizou a ilha como Garðarshólmur ("ilhotas de Gardar"). O nome definitivo "Ísland" foi dado por Flóki Vilgerðarson, em alusão às paisagens de inverno do atual território islandês.11 Apesar de alguns documentos oficiais apontarem Lýðveldið Ísland (República da Islândia) como o nome oficial do país, a constituição atual do país define-a como simplesmente "Ísland" (Islândia), sem a anteposição do termo "república".12

História

Estabelecimento e comunidade islandesa (874-1262)


O norueguês Ingólfur Arnarson, primeiro habitante permanente da Islândia.

Uma das teorias sobre o atual povoamento do território islandês afirma que os primeiros habitantes desta ilha chegaram por volta do século IX d.C., e que eram membros de uma missão de monges eremitas, também conhecidos como papar, provenientes da Escócia e da República da Irlanda, embora não existam sítios arqueológicos que comprovem essas hipóteses.13 Presume-se que os monges abandonaram a ilha com a chegada dos escandinavos, que se assentaram no período compreendido entre os anos 870 e 930. Um artigo da publicação Skirnir, onde são mostrados os resultados de investigações realizadas com radiocarbono, afirma que o país foi habitado desde a segunda metade do século VII d.C.14
O primeiro colono nórdico permanente foi Ingólfur Arnarson, que construiu uma granja na zona da atual capital no ano 874. Ingólfur foi seguido por muitos outros colonos imigrantes, a maior parte deles nórdicos, com escravos vindos da Irlanda. Em 930, a maior parte do terreno islandês cultivável já havia sido ocupada. Com isso, foi fundado o Althing, um parlamento legislativo e judicial, como centro político da Comunidade Islandesa. Por volta do ano 1000, o cristianismo foi adotado na Islândia. A comunidade islandesa durou até 1262, quando o sistema político idealizado pelos colonos originais se tornou incapaz de enfrentar o poder crescente dos caciques islandeses.15

Colonização escandinava (1262–1814)


Ósvör, réplica de um antigo posto de pesca às aforas de Bolungarvík.

As lutas internas e civis da Era de Sturlung levaram o país a assinar o Pacto antigo em 1262, tratado que colocou a Islândia sob o domínio da Coroa Norueguesa. A posse da Islândia passou para o Reino da Dinamarca e Noruega até finais do século XIV, quando os reinos da Noruega, Dinamarca e Suécia se uniram, formando a União de Kalmar. Nos séculos posteriores, a Islândia passou a ser um dos países mais pobres da Europa. Os solos estéreis, as erupções vulcânicas e o tipo de clima tornaram a vida da sociedade mais difícil, cuja subsistência era quase totalmente dependente da agricultura. A peste negra afetou quase toda a população entre 1402 e 1404 e novamente entre 1494 e 1495,16 matando cerca de metade dos habitantes.17 Em meados do século XVI, Cristiano III da Dinamarca e Noruega começou a impor o luteranismo a todos os seus súbditos. O último bispo católico do país (antes de 1968) foi Jon Arason, decapitado em 1550 juntamente com seus filhos. Posteriormente, quase toda a população islandesa aderiu ao luteranismo, que desde então é a religião predominante. Nos séculos XVII e XVIII, a Dinamarca impôs à Islândia uma série de restrições ao comércio, enquanto piratas ingleses, espanhóis e argelinos invadiam sua costa.18 Uma epidemia de varíola registrada no século XVIII causou a morte de aproximadamente um terço da população.19 20 Em 1783 a erupção do vulcão Laki teve efeitos devastadores;21 nos anos seguintes à erupção, época conhecida como Aflição na névoa (em islandês: Móðuharðindin), mais da metade das espécies de animais no país morreram e mais de um quarto da população morreu de fome.22

Movimento de Independência (1814-1918)

Em 1814, após as Guerras Napoleônicas, o Reino da Dinamarca-Noruega foi dividido em dois novos reinos separados pelo Tratado de Kiel. Entretanto, a Islândia permaneceu dependente da Dinamarca. Durante o século XIX, o clima islandês continuou piorando, provocando uma emigração em massa para o Novo Mundo, especialmente para a província de Manitoba, no Canadá. Cerca de quinze mil pessoas, dentre uma população total de setenta mil, abandonaram a Islândia.23 Porém, no auge das dificuldades, surgiu, por volta dos anos 1850, um movimento nacionalista, que conseguiu adquirir uma força considerável, conquistando a reabertura do parlamento islandês e a liberação do comércio com outros países. Desta maneira, nasceu o movimento de luta pela Independência da Islândia, liderado por Jon Sigurðsson. Em 1874, a Dinamarca concedeu à Islândia uma constituição e um governo limitado, que foi expandido em 1904.24

Reino da Islândia (1918-1944)

O Ato de União, acordo firmado com a Dinamarca em 1° de dezembro de 1918 e válido durante vinte e cinco anos, concedeu à Islândia o total reconhecimento como um Estado soberano em uma união pessoal com o rei da Dinamarca. Isso significa que o rei exercia a mesma função tratando-se de assuntos internacionais, mas essa união terminaria após 25 anos. 25 Durante a Segunda Guerra Mundial, a Islândia uniu-se à Dinamarca mantendo a sua postura neutra. Entretanto, após a ocupação alemã da Dinamarca em 9 de abril de 1940, o parlamento decidiu que a Islândia deveria assumir os poderes do rei dinamarquês, substituí-lo por um regente e declarou que que seria feita a implantação da política externa independente, além de outras questões previamente gerenciadas pela Dinamarca à petição islandesa. Um mês mais tarde, as Forças Armadas do Reino Unido ocuparam a Islândia, violando sua neutralidade. Em 1941, o país passou a ser dominado pelos Estados Unidos, para que o Reino Unido pudesse implantar as suas tropas em outros locais.26 24
Em 31 de dezembro de 1943, o Ato de União expirou depois de 25 anos. A partir de 20 de maio de 1944, os islandeses votaram em um referendo de quatro dias para determinar o futuro da união pessoal com o rei da Dinamarca e a possível implantação de uma república.27 No resultado, 97% dos votos puseram fim a essa união e 95% votaram a favor de uma nova constituição republicana. Finalmente, a nação converteu-se em república a 20 de junho do mesmo ano, tendo Sveinn Björnsson como primeiro presidente.24

República da Islândia (1944-presente)


Navios britânicos e islandeses durante a Guerra do Bacalhau.

Em 1946, as forças de ocupação dos Aliados retiraram-se da Islândia, que se tornou um membro da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 30 de março de 1949, provocando controvérsias e protestos em algumas áreas do país. Em 5 de maio de 1951, a nação firmou um acordo de defesa com os Estados Unidos. Houve o retorno de tropas norte-americanas que permaneceram lá ao longo da Guerra Fria, até à completa retirada em 30 de setembro de 2006.28
O período pós-guerra caracterizou-se por um importante crescimento econômico sem precedentes, provocado pela expansão da indústria de pesca e pela ajuda oferecida pelo Plano Marshall. A década de 1970 foi marcada pela Guerra do Bacalhau, uma série de disputas com o Reino Unido sobre a extensão e direitos da zona econômica exclusiva.29 Em 1994, a economia diversificou-se e foi liberalizada quando a nação se uniu ao Espaço Econômico Europeu.24
Entre 2003 e 2007, a economia da Islândia transformou-se, baseada até então na indústria pesqueira, passando a ser uma nação que oferecia serviços financeiros sofisticados. Consequentemente, o país foi um dos mais afetados pela crise econômica de 2008, que se estendeu até 2009.30 Esta crise tem resultado na maior onda emigratória islandesa desde 1887.31 Em meados de 2009, numerosos protestos perante a crise provocaram a demissão governamental, seguida da convocação de eleições gerais para o mês de abril. A Aliança Social Democrática e o Movimento de Esquerda Verde venceram nos comícios, liderados por Jóhanna Sigurðardóttir, que assumiu o poder como nova primeira-ministra. Em novembro de 2010, foi estabelecida uma assembleia popular de vinte e cinco pessoas sem afiliação política, que delegou a responsabilidade de preparar uma proposta para substituir a Constituição do país.32

Geografia


Imagem de satélite da Islândia.

A Islândia é uma grande ilha vulcânica localizada no norte do Oceano Atlântico um pouco ao sul do Círculo Polar Ártico. Culturalmente ligada à Europa, a Islândia não possui nenhum traço geológico em comum com o continente europeu. Com uma área de mais de 102 mil quilômetros quadrados, é a décima oitava maior ilha do mundo e a segunda maior da Europa. Existem outras numerosas pequenas ilhas no litoral como as ilhas Hrísey, Grímsey e o arquipélago de Vestmannaeyjar. As outras massas de terra mais próximas do país são a Groenlândia a 286 quilômetros, a Escócia a 795 quilômetros e a Noruega a 950 quilômetros.33 34

Caracterísiticas físicas

A Islândia possui um relevo bastante acidentado cheio de montanhas localizadas em uma espécie de planalto com altitude média em torno de 500 metros. O monte Hvannadalshnúkur é o mais alto do país, com altitute de 2 119 metros acima do nível do mar.34 Existem diversos glaciares na ilha, que cobrem cerca de onze por cento da superfície do país. O maior e mais conhecido é o Vatnajökull (vat'najö'küdll) com mais de oito mil quilômetros quadrados. Outros glaciares importantes são o Langjökull, Hofsjökull e Mýrdalsjökull. Nos últimos anos, a área desses glaciares tem diminuído significativamente, e essa redução é atribuída ao aquecimento global.35

Detifoss, a maior queda d'água da Europa, tem mais de quarenta metros de altura.

Os rios da Islândia podem ser classificados em três grupos. O primeiro deles são os rios formados pelo degelo dos glaciares que carregam uma grande quantidade de lama, por isso, a cor da água costuma ser acastanhada. Possuem maior quantidade de água no verão, principalmente entre julho e agosto, e no inverno podem congelar completamente. O segundo tipo de rio são aqueles comuns, onde a água brota de nascentes, que geralmente surgem em áreas de rocha basáltica. A água geralmente é clara, e os maiores volumes de vazão ocorrem na primavera e no outono por causa do derretimento da neve e das chuvas intensas, respectivamente. Por fim, o terceiro grupo de rios são os pequenos afluentes que nascem nas regiões porosas das áreas vulcânicas e se juntam em rios maiores de água límpida. Na nascente, esses rios apresentam uma temperatura constante entre três e cinco graus Celsius, por isso não congelam no inverno. Outra característica desse tipo de rio é que a caudal é praticamente constante, independentemente dos fatores externos.36
Os três tipos de rios possuem um curso rápido, profundo e cheio de quedas de água. Uma delas é a catarata de Dettifoss no rio Jökulsá á Fjöllum que, com 44 metros de altura, é a maior da Europa. Os rios mais longos do país são o Thjórsá com 237 quilômetros de extensão, Jökulsá á Fjöllum com 206 e Ölfusá-Hvítá com 185 quilômetros. Na Islândia os lagos são numerosos, mas na sua maioria são relativamente pequenos e possuem origens diversas, como os formados por movimentos tectônicos e nas crateras de vulcão, além do movimento dos glaciares. O maior lago do país é o Thingvallavatn, com uma área de 84 quilômetros quadrados, localizado no sudoeste do país.36

Atividade geológica


Cinzas do vulcão Eyjafjallajökull, localizado no sul do país, em abril de 2010, quando suas erupções impediram a decolagem de muitos aviões na Europa continental.

A Islândia está localizada na dorsal mesoatlântica (uma cadeia de montanhas submarinas que se estendem ao longo dos limites das placas tectônicas), no encontro entre as placas norte americana e euroasiática. Esta dorsal mesoatlântica é exactamente a zona em que uma nova crosta oceânica se vai formando continuamente por meio de erupções vulcânicas, enquanto as placas se afastam a uma taxa média de um centímetro ao ano. Além disso, a Islândia está sobre um ponto quente, o que significa que a crosta é mais fina em comparação com o resto do mundo. Quando as placas tectônicas se movem, surge uma fissura que permite que o magma flua para a superfície, dando origem a uma erupção vulcânica. Atualmente existem cerca de trinta sistemas vulcânicos no país. Um dos mais famosos é o vulcão Eyjafjallajökull (pronuncia-se eia-fiátla-iocutl), que em 2010 causou o fechamento de diversos aeroportos na Europa por causa das cinzas ejetadas na atmofera.37 Várias erupções importantes aconteceram na história do país, dentre elas a principal é a do vulcão Laki, ocorrida de 1783 a 1784, causou um desastre natural comprometendo a agropecuária e matou um quarto da população islandesa.38

Geysir, um géiser no vale Haukadalur. É o mais antigo géiser conhecido, em atividade desde o século XIV.

Por conta da atividade vulcânica, existem ainda muitos gêiseres e fontes termais por todo o território islandês. O gêiser mais famoso e também o mais antigo conhecido é o Geysir, cujo nome deu origem à palavra que designa tais nascentes eruptivas. Esse gêiser surgiu por volta do século XIV e tornou-se dormente no começo do século XIX, até que um terremoto em junho de 2000 fez com que essa fonte entrasse novamente em atividade, expelindo água quente e vapor a cada oito horas. Outro gêiser famoso é o Strokkur, lançando água quente a mais de vinte metros de altura a cada oito minutos. A água aquecida das fontes termais também é muito apreciada pelas suas propriedades medicinais.39
Localizada numa área de encontro entre placas tectônicas, os terremotos na ilha são relativamente comuns. Ao longo da história do país, numerosos tremores de terra foram registrados. No entanto, a sua intensidade geralmente não é muito grande, pois as placas estão em afastamento contínuo. Dentre os mais recentes, os mais intensos foram registrados em 2008, com magnitude 6.1 na escala de Richter40 e em 17 e 21 de junho de 2000, com magnitude de 7.1. Ambos os sismos aconteceram na região sudeste do país, onde se encontra a maior parte da população. Nessas ocasiões não foram registradas vítimas fatais, tendo havido somente danos em prédios e construções.41

Clima


Imagem de satélite da Islândia durante o inverno (NASA).

O clima da costa da Islândia é oceânico subpolar, ou seja, possui verões frescos e curtos e invernos suaves com temperaturas que não descem abaixo dos -3°C. As temperaturas no país são relativamente amenas se comparadas com as de outras regiões na mesma latitude. A corrente marítima do Golfo, que é um fluxo de água quente que sai da América Central em direção ao norte da Europa, faz com que as temperaturas sejam maiores e os invernos menos rigorosos. Todo o litoral do país, essencialmente na parte sul, é mais quente por causa dessa corrente marítima, o que geralmente impede a formação de blocos de gelo (inclusive no inverno); a despeito de em 1969 o gelo ter invadido toda a costa norte.42
A precipitação está diretamente relacionada com a passagem de ciclones de baixa pressão que se formam no oceano ao sul da ilha, onde são registradas as maiores quantidades de chuva e gelo do país. Os ventos predominantes são na direção leste e nordeste, possuindo maior intensidade nas regiões mais altas das montanhas, embora sob certas cincunstâncias, a topografia do relevo pode canalizar esses ventos fazendo com que sejam registradas grandes velocidades a menor altitude, como no interior dos vales. Por vezes, ventos secos vindos da parte norte podem causar fortes tempestades de areia, mais frequentes no verão e no começo do outono. As tempestades com chuva e trovoadas são bastante raras na Islândia, mas ocorrem no fim do verão quando as massas de ar quente são defletidas da Europa para as latitudes nórdicas; em média menos de cinco dias por ano.42

Natureza e meio ambiente


Cavalo da Islândia, no rigoroso inverno europeu.

De acordo com registros datados do século XII, a Islândia já foi um país coberto por florestas que se estendiam "do alto das montanhas até a costa do mar". Entretanto, a chegada dos seres humanos perturbou esse delicado ecossistema. A destruição das florestas para formar criação de pastos, a atividade vulcânica, o movimento dos glaciares e o clima desfavorável contribuíram com a erosão do solo que não permite o crescimento de novas árvores. Atualmente, apenas um quarto da superfície do país tem algumas zonas florestais. A área restante é coberta de areia, rochas e campos de lava, além dos glaciares, distribuídos por todo o país. A vegetação remanescente consiste em gramíneas e pequenos arbustos, que pertencem principalmente à família Cyperaceae. Entre as espécies de árvores, as bétulas predominam, principalmente a Betula pubescens juntamente com os álamos Populus tremula. Atualmente, as poucas árvores que sobraram estão em reservas isoladas. Diversas iniciativas têm sido tomadas a esta questão, como o reflorestamento e o isolamento dessas áreas, e a utilização de algumas espécies estrangeiras. Mesmo com um aumento significativo da quantidade de árvores, elas ainda não se comparam com as florestas originais.43
Em relação à vida animal, os animais selvagens nativos mais comuns são os mamíferos aquáticos e as aves. O único mamífero terrestre existente antes da ocupação humana era a raposa-do-ártico, que provavelmente chegou ao país quando caminhava sobre o oceano congelado durante a última Era do gelo. Outras espécies de animais domésticos foram trazidas pelos habitantes da ilha. Por causa do isolamento, essas espécies mantiveram-se sem modificações ao longo do tempo. O cavalo e a ovelha islandeses são os exemplos mais conhecidos desse fato. Outros animais terrestres típicos da fauna islandesa incluem camundongos, ratos, coelhos e renas, enquanto da fauna marinha os principais representantes são focas, baleias golfinhos e mais de três mil espécies de peixes.43
Nos dias actuais, a conservação do meio ambiente no país é uma prioridade, dada a alta dependência da economia dos produtos pesqueiros. O país tem-se mostrado forte na luta contra a poluição marinha, com grandes ações de prevenção que fazem com que as águas da Islândia estejam entre as menos poluídas do mundo. Apesar da beleza natural da Islândia permanecer praticamente intacta, certas áreas que foram desmatadas sofrem com a erosão e desertificação causados principalmente pelos ventos constantes. O processo de reflorestamento, está sendo uma das prioridades da Islândia para as próximas décadas.44 Criaram-se assim diversas unidades de conservação de espécies por todo o país, como parques nacionais e reservas naturais. Dentre os mais importantes, pode-se destacar o maior deles, o Parque Nacional Vatnajökull, e o Parque Nacional de Þingvellir (pronuncia-se thingvellir), que foi considerado patrimônio mundial pela UNESCO.45

Demografia


Reykjavík, maior cidade e centro da Grande Reykjavík, que, com uma população de 200 mil pessoas, concentra 64% da população do país.

No começo de janeiro de 2012, a população chegava próximo a 320 mil habitantes, apresentando um crescimento médio de 1,2% ao ano. Desse total, cerca de trezentos mil vivem em localidades com mais de duzentos habitantes, estimando-se que mais da metade da população de todo o país se concentra na capital Reiquiavique e cidades próximas. Em 2012, houve um declínio do número de habitantes, principalmente no noroeste, enquanto em outras áreas foi registrado um aumento, entre elas a região sudoeste, que já era a mais populosa. Cerca de seis por cento da população islandesa veio de outros países, principalmente de países europeus, apesar do número de estrangeiros que se naturalizam islandeses ter diminuído nos últimos anos.46 A maior parte da população concentra-se em estreitas faixas no litoral, nos vales e na região sudoeste do país. Estatísticas do governo islandês afirmam que noventa e nove por cento da população vive em áreas urbanas, sendo a maior parte composta por jovens e adultos. A expectativa de vida no país é de cerca de oitenta anos.47
A população islandesa descende dos primeiros colonizadores que chegaram à ilha em 874. Apesar de não se conhecer a origem exata e as etnias dos primeiros habitantes islandeses, sabe-se que entre 60 e 80% eram de origem nórdica, vindos da Noruega, e o restante de origem celta, vindos da Escócia e da Irlanda.48 Atualmente a população islandesa é extremamente homogênea, com mais de 99% da população de origem islandesa, razão pela qual não existem conflitos étnicos no país.49
A Islândia possui uma taxa de criminalidade menor do que a de muitos paíse desenvolvidos. Alguns fatores que contribuem para essa taxa reduzida são o alto padrão de vida, a pequena população e a força policial bem treinada. Dentre os crimes mais comuns no país estão os pequenos assaltos e arrombamento de carros, que ocorrem principalmente na capital do país. A força policial do país inclui duas organizações principais: a Polícia Metropolitana de Reiquiavique e a Polícia Nacional, que usam equipamentos e técnicas modernas para prevenir e investigar crimes. Em outras regiões do país a força policial é reduzida, mas o trabalho de voluntários civis ajuda a fazer o sistema de segurança do país mais efetivo. A maioria desses voluntários são bem treinados e estão prontos para lidar com situações de emergência.50 51

Idiomas

 
A língua oficial da Islândia é o islandês (Íslenska), um idioma descendente da língua nórdica antiga que, por sua vez, é uma das línguas germânicas. Quando a Islândia foi colonizada, os principais habitantes vieram da Noruega e, portanto, falavam a mesma língua. No entanto, por volta do século XIV, a língua norueguesa evoluiu. Os islandeses porém não acompanharam essa evolução, entre outros motivos, devido à rica literatura da época. Graças a isto, atualmente um islandês pode ler um texto do século XII sem dificuldade. Essa política de preservação da língua ganhou importância a partir do século XVII e no século seguinte passou a ser uma política oficial do país. Para isso, em vez de adotar novas palavras de origem estrangeira para designar inovações tecnológicas, os islandeses criam uma nova palavra com origem em vocábulos antigos e dão a elas novos significados. A palavra simi, por exemplo, significa telefone, e tolva significa computador. Outra característica do idioma é a sua uniformidade, ou seja, a ausência de dialetos.52
Apesar do empenho dos islandeses na preservação da sua língua face às influências de outros idiomas, o ensino de línguas estrangeiras é bem valorizado no país, tanto que o ensino de inglês e dinamarquês é obrigatório nas escolas. Outras línguas, como o norueguês, o francês e o sueco são também habitualmente estudadas pelos habitantes da Islândia.53

Igreja luterana na Islândia.

Religião

A principal religião islandesa é o Luteranismo, que pertence à doutrina protestante, cuja principal instituição no país é a Igreja Nacional da Islândia. Apesar dessa igreja ter ligações com o Estado, existe no país uma completa liberdade para todos os credos, sem discriminação. Toda a Islândia constitui uma única diocese que, por sua vez, é dividida em 281 paróquias, lideradas pelo bispo que reside na capital do país. Cerca de 87% da população pertencem a esta igreja, enquanto outros quatro por cento frequentam outras três igrejas luteranas: a Igreja Livre de Reiquiavique, a Igreja Livre de Hafnarfjordur e a Igreja Independente de Reiquiavique. Outros quatro por cento pertencem a outras igrejas cristãs, dentre elas as principais são a Igreja Católica, a Igreja Pentecostal, a Igreja Adventista do Sétimo Dia e Testemunhas de Jeová. Outros grupos religiosos possuem menor representação, tal como os budistas, muçulmanos e membros da fé bahá'í, porém, em conjunto, esses grupos possuem menos de quinhentos seguidores em todo o país.54

Política


Alþingi, o parlamento nacional da Islândia em Reiquiavique, o país tem o parlamento mais antigo do mundo, criado no ano de 930.

Stjórnarráð, sede do Conselho de Ministros do país.

A Islândia é uma república democrática representativa parlamentar independente que possui um sistema multipartidário. O poder judiciário é independente dos poderes executivo e legislativo.55 A Constituição da Islândia é muito similar à Constituição dinamarquesa e alguns artigos foram, inclusive, copiados e traduzidos para o islandês. De acordo com essa Constituição, o parlamento islandês, chamado Alþingi (Althingi), e o presidente exercem a chefia do poder legislativo em conjunto. Todas os projetos aprovadas pelo parlamento precisam da aprovação do presidente para que se tornem leis.56 O presidente é eleito por voto popular direto para um mandato de quatro anos, mas sem limite máximo do número de mandatos. A Constituição dá ao presidente todo o poder sobre o governo, mas na realidade, ele tem mais um papel representativo do que administrativo. O poder executivo é exercido de fato pelo primeiro ministro islandês, que é escolhido pelo presidente.56 57
O parlamento islandês é um dos mais antigos da Europa, criado no ano de 930 e é atualmente composto por 63 delegados. Todos os cidadãos islandeses maiores de 18 anos podem votar. O parlamento é eleito por meio de voto direto e secreto com base em representação proporcional por um mandato de quatro anos. O país é dividido em seis eleitorados e cada um deles possui nove cadeiras no parlamento. As nove cadeiras restantes são chamadas de cadeiras de igualação, e são distribuídas entre os partidos que tiveram maior quantidade de votos, de acordo com a proporção obtida por cada um.56
O governo atual da Islândia consiste em uma coalizão entre o partido central de esquerda Aliança Social Democrática e o Movimento de Esquerda Verde. Estes dois partidos detêm 34 das 63 cadeiras do Althingi, de acordo com as eleições parlamentares realizadas em 25 de abril 2009. A chefe da Aliança Social Democrática, Jóhanna Sigurðardóttir é a primeira mulher a se tornar primeira-ministra no país e a primeira chefe de governo declaradamente homossexual no mundo moderno.58 A partir dessa eleição, o governo iniciou uma série de mudanças e reformas econômicas para combater a crise econômica, além de iniciar as negociações para a entrada do país na União Europeia.59 Nas eleições presidenciais de 2012, foi eleito para o quinto mandato consecutivo o presidente Ólafur Ragnar Grímsson, que se tornou um símbolo de resistência contra a crise durante seus mandatos anteriores.60

Partidos políticos


Jóhanna Sigurðardóttir, a atual primeira-ministra do país.
Nas eleições parlamentares de 2009, cinco partidos conseguiram representação política no Althingi. O primeiro deles é a Aliança Social Democrática, criado em 2000 com a união de três partidos de esquerda, apresentou o objetivo de desafiar o longo domínio de governo do Partido Independnte. Apesar das falhas obtidas inicialmente, em 2007, a Aliança Social Democrática conseguiu formar um governo de coalizão com o Partido Independente. Outro partido de esquerda importante na política islandesa é o Movimento de Esquerda Verde, criado em 1999 por um grupo de políticos que não concordavam com a fusão dos partidos que deram origem à Aliança Social Democrática; possui contínuo crescimento no número de cadeiras do parlamento tendo como principal foco implantar um sistema de governo socialista nórdico com uma forte ênfase em temas ambientais. Anteriormente contra a entrada do país na União Europeia, acabou cedendo por causa da demanda pública.59
O Partido Independente é o mais antigo do país, criado em 1929, e é o centro da política de direita da Islândia. As agitações políticas oriundas da crise econômica de 2008 que atingiu o país quebraram duas décadas de relativa estabilidade do partido no governo, que defende, ainda, que a decisão sobre o país entrar na União Europeia deve ser tomada por meio de um referendo. O Partido Progressista é um partido de centro e agrário que sempre possuiu muita representatividade no parlamento, mas a sua participação tem caído nas últimas décadas por causa de lutas internas entre lideranças do partido, dentre outros motivos. Por fim, o recém criado Movimento dos Cidadãos foi o único partido a criticar a política do governo em relação à crise econômica para se colocar em evidência. Depois de conseguir o sucesso com essa estratégia, entretanto, o partido se dividiu: dos quatro palamentares eleitos em 2009, um deles se tornou membro independente e os outros três formaram um grupo chamado O Movimento, mas sem reconhecimento político.59

Relações internacionais e defesa[editar]


Primeiros-ministros dos países nórdicos (Suécia, Noruega, Islândia, Dinamarca e Finlândia, nessa ordem da esquerda para direita) na Dinamarca em 2010. Ao centro, a primeira ministra islandesa, Jóhanna Sigurðardóttir.

A Islândia tem participado ativamente em grupos de cooperação internacional. Um deles é o Conselho Nórdico, que inclui Dinamarca, Noruega, Suécia e Finlândia, além da Groenlândia e das Ilhas Feroe. Esse grupo realiza cooperações nas mais diversas áreas, como em assuntos políticos e representação internacional. O país se tornou membro da Organização das Nações Unidas em 1946 e é um dos membros fundadores do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial. É também um dos fundadores da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) e do Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento.61
Em 1964, se tornou membro do Acordo Geral de Tarifas e Comércio, que foi o antecessor da Organização Mundial do Comércio. Seis anos depois, o país assinou um tratato para se juntar à Associação Europeia de Livre Comércio, que permitia a circulação de bens, serviços, capital e pessoas entre os países do Espaço Econômico Europeu. Desde então, a Islândia assinou diversos tratados de livre comércio com diversos países não só europeus, mas de todo o mundo. Mais recentemente, em junho de 2010, o Banco Popular da China e o Banco Central da Islândia assinaram um acordo bilateral de troca de moeda durante três anos, com uma possível extensão dessa duração. Em julho de 2009, o país deu entrada no processo para fazer parte da União Europeia depois do parlamento do país aprovar a candidatura. As negociações foram abertas oficialmente somente um ano depois, e continuam até hoje.61
O país é, ainda, um dos fundadores da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), criada em 1949.61 A Islândia não possui nenhuma força militar regular, e, por isso, em 1951 foi assinado um acodo bilateral de defesa com os Estados Unidos, criando a Força de Defesa da Islândia que vigorou até 2006. A OTAN se comprometeu a proteger o país no caso de uma guerra. A Islândia também tem um tratado bilateral assinado com a Noruega em 2007 para vigilância e defesa do espaço aéreo islandês.62

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