No aniversário de 50 anos do famoso discurso de Martin Luther King Jr. “Eu tenho um sonho” , feito na Marcha de Washington por Emprego e Liberdade em 28 de agosto de 1963, Barack Obama disse que só conseguiu chegar à Presidência graças à manifestação. Ele falou a verdade: o movimento por direitos civis liderado por Luther King nos anos 50 e 60 conseguiu avanços importantes para negros e outras minorias.
Todo mundo reivindica a memória de Martin Luther King. Há um feriado nacional estatutário em janeiro, comemorando o aniversário de nascimento do pastor batista. Políticos dos dois partidos principais nos Estados Unidos frequentemente citam os discursos eloquentes de King e elogiam seu papel na história. No imaginário norte-americano, há poucas pessoas com reputação tão venerada.
Mas ironicamente se Luther King fosse vivo hoje, provavelmente, não seria convidado para a comemoração de seu mais famoso discurso. Como o proeminente professor de Filosofia na Universidade de Princeton Cornel West disse depois do discurso de Obama: “O irmão Martin não seria convidado à própria marcha feita em seu nome, porque ele falaria sobre os drones (aviões não tripulados usados pelos Estados Unidos), ele falaria sobre os criminosos de Wall Street; ele falaria sobre a classe trabalhadora empurrada às margens, enquanto lucros aumentam para os executivos. Ele falaria sobre a herança da supremacia branca”.
King é reverenciado em discursos públicos hoje , mas na sua época ele era considerado radical demais por muitos políticos brancos. Na sua luta contra a discriminação racial, o ativista gradualmente radicalizou seu programa político para direitos civis, reivindicando mudanças econômicas e sociais que atingiriam o coração do poder americano. Além de ser preso 30 vezes e vítima de ataques físicos de policiais e brancos racistas, King era odiado pela imprensa, pela elite e pelos políticos dos partidos Democrata e Republicano.