segunda-feira, 15 de novembro de 2010

COM MAIORIA NA POPULAÇÃO, AS MULHERES TEM DIREITO A GOVERNAR E DARÃO BELO EXEMPLO.

Opinião
Sociedade 12/11/2010

Nós podemos!

Sim, nós podemos! A vitória da companheira Dilma Rousseff tem um sabor especial para nós mulheres. Tão importante quanto o que representa a eleição de Dilma, para a continuidade de um projeto que conseguiu retirar mais de 29 milhões de brasileiros da linha da pobreza, é o que isso representa em termos de referência para que outras mulheres, de qualquer geração, tenham certeza de que, sim, não há limites que não possam ser superados por nós.

Todas nós, em alguma medida, nos deparamos com alguma barreira ou discriminação pelo simples fato de sermos mulher. No mercado de trabalho, no exercício da mesma função, os salários são menores. Nas relações sociais, os olhares são meio atravessados se a postura não condiz com o que a sociedade resolveu convencionar como padrão feminino. Na política, as condições não são dadas para que a mulher consiga entrar na disputa com igualdade de oportunidades.

Não é a toa que a presença da mulher nos parlamentos e cargos executivos é proporcionalmente muito aquém de sua representatividade no conjunto da população. A presença de mulheres líderes de governo é algo raro. Segundo o relatório da ONU, intitulado “As mulheres no mundo em 2010” com a vitória de Dilma, agora serão 19 mulheres liderando um governo, num total de 192 países. Somente em 23 países o percentual de deputadas ou senadoras alcança a marca de 30%.

Outro relatório, o Global Gender Gap Report 2010, do Fórum Econômico Mundial, lançado também no mês passado, atesta que em 134 países estudados há diferenças, ainda que pequenas, favoráveis aos homens no que se refere à saúde e à educação. Mas a desigualdade aumenta quando se trata de temas como participação econômica, oportunidades de trabalho e rendimentos financeiros. E se agrava quando a questão é participação da mulher na política.

Diante deste cenário, não poderíamos nos limitar a comemorar a vitória da Dilma apenas sob o ponto de vista do projeto de governo – que por si só é motivo suficiente para celebrarmos e avançarmos esperançosas, uma vez que representa a continuidade do bem sucedido processo de desenvolvimento sócio-econômico desencadeado no Brasil pelo presidente Lula.

A vitória de Dilma deve ser comemorada como mais uma batalha vencida na luta contra o preconceito, em direção à conquista da igualdade de oportunidades entre mulheres e homens. Cada voto conquistado deve ser entendido também como a expressão do desejo do eleitorado brasileiro de ver o país, que começou a ser transformado pelas mãos de um operário nordestino, ser agora liderado por uma mulher. Não é qualquer mulher.

É uma mulher que, como centenas de milhares de outras mulheres, ousou e ousa lutar por igualdade, enfrentar a submissão, a injustiça, a discriminação, o preconceito, o abuso de poder. Dilma é forte, competente, sensível, independente, ousada, determinada e corajosa. Assim são as mulheres. E é assim, sendo mulher, com seu jeito de mulher de enxergar o mundo e enfrentar os percalços naturais da vida e da função, ou aqueles que lhes serão propositalmente lançados com o intuito de tentar enfraquecê-la no meio do caminho, que Dilma imprimirá ao país seu próprio modo de governar.

A história do Brasil mudou para melhor sob a gestão de um operário nordestino. A história do Brasil continuará registrando grandes e mais conquistas com a vitória de Dilma. Mas com certeza as conquistas que ficarão registradas na história a partir da eleição da primeira presidenta do Brasil não serão apenas sob a ótica da administração pública. Serão especialmente na forma como as mulheres de qualquer idade passarão a olhar para si mesmas com a convicção de que, sim, nós podemos.

Estaremos com Dilma, contribuindo para que ela faça o melhor governo para o povo brasileiro e para que possa fazer valer seu primeiro compromisso assumido como presidenta eleita: “honrar as mulheres brasileiras, para que este fato (a eleição de uma mulher), até hoje inédito, se transforme num evento natural e que ele possa se repetir e se ampliar nas empresas, nas instituições civis e nas entidades representativas de toda a nossa sociedade.”

Laisy Moriére é secretária Nacional de Mulheres do PT

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