quinta-feira, 25 de novembro de 2010

EM INDAIATUBA, REGIÃO DE VIDEIRAS, AGRICULTORES SENTEM O PESO DE CULTURAS SENSÍVEIS.

Quebra na safra de uva deve chegar a 30% em SP por causa do clima

Produtores que tiveram perdas com o granizo reclamam da falta de seguro agrícola
Gustavo Bonato | Indaiatuba (SP)

Problemas climáticos provocam quebra na safra de uva no interior de São Paulo. A colheita já começa com perspectiva de redução de 30%. Produtores que tiveram perdas com o granizo reclamam da falta de seguro agrícola.

Os produtores da região de Indaiatuba, no interior paulista abastecem mercados como Goiás, Minas Gerais e Distrito Federal. Nos parreirais o trabalho está começando. A safra começa em novembro e atinge o auge em dezembro, no momento certo para atender a demanda das festas de fim de ano. Mas o clima não colaborou nos últimos meses. O produtor Antônio Carlos Pesce calcula que vai ter perdas de 30%, um índice semelhante à média da região.

Na hora da floração do cacho, veio vento muito frio, muito seco, que abortou essa fruta. Teve vários cachos que poderia ter desenvolvido mais, mas acabou ficando menor – conta Pesce.

Não é difícil encontrar cachos ralos, com poucos frutos. O frio também atrapalhou a maturação. Nesta mesma fileira, uvas escuras quase prontas para a colheita e outras ainda verdes. O distribuidor Josué Marchetti, que comercializa quase 300 mil caixas durante a safra, calcula que mesmo com a quebra de produtividade, os preços pagos ao produtor não devem subir mais que 10%.

Às vezes com uma quebra dessas, pode acontecer de ficar ainda mais baixo que no ano passado. Depende da oferta e da procura e dos dias em que essa mercadoria vai entrar – afirma Marchetti.

Algumas plantações tiveram mais problemas. No final de outubro, uma chuva de granizo provocou danos. O produtor Cassio Donizete Marques avalia que algumas áreas tiveram quase perda total da produção.

Ela acaba destruindo as folhas todas e machuca muito o fruto. Parecia que ela tinha sido cortada com um estilete. Se via corte em cada grãozinho da fruta. Agora temos perdas de 90%. Não tem mercado para essa uva – explica Marques.

Os prejuízos com o granizo foram ainda mais pesados porque muitas áreas não tinham seguro contra perdas. Os produtores reclamam que o governo federal, nesta safra, não ajudou a pagar 60% do benefício como faz regularmente.

Sem a subvenção federal, teve que pagar do próprio bolso. Valor pequeno e custo muito alto. Se ele não tiver o seguro, muitos deles pensam em parar de produzir – diz o presidente do Sindicato Rural de Indaiatuba, Wilson Tomaseto.

Foi feito seguro por um preço bastante irrisório por pé. Praticamente metade do valor do que faríamos com subsídio do governo federal – acrescenta Marques.

O Ministério da Fazenda confirma que houve atraso no repasse de verbas para as seguradoras. O motivo foi a contenção de gastos exigida pela equipe econômica do governo. O Ministério informou ainda que R$ 35 milhões foram liberados há um mês para os seguros do setor de fruticultura.

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