quinta-feira, 12 de setembro de 2013

NUM PERÍODO CONTURBADO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE, UM NEGRO MOSTROU AO MUNDO A FORÇA DE SUA DEDICAÇÃO AO ESPORTE. QUANDO HITLER APREGOAVA A SUPREMACIA DA RAÇA ARIANA. EM PROVA MEMORÁVEL, JESSE OWENS IMORTALIZOU SEU NOME. E PELO TEXTO ABAIXO, FICOU CLARO QUE SEU PRESIDENTE FRANKLIN DELANO ROOSEVELT ERA UM RACISTA EMPERDENIDO. QUANTOS JOVENS PELAS RUAS SEM UMA ÚNICA CHANCE. O BRASIL PODE TIRAR MILHARES DE JOVENS DAS RUAS, DANDO-LHES "OPORTUNIDADES"

Jesse Owens, 100 anos
Por Fernando Figueiredo Mello*

“One chance is all you need.”

James Cleveland Owens estava certo.
Uma chance é tudo o que você precisa.
Uma Olimpíada é tudo o que você precisa para ter seu nome na História do esporte para sempre.
Michael Phelps pode ser recordista de medalhas olímpicas (22) ou de ouros em uma edição (8). Usain Bolt pode ser o homem mais rápido do mundo duas vezes. Mas, nada supera o que fez Jesse Owens – que nesta quinta-feira, 12 de setembro, completaria 100 anos.
Olimpíada de 1936. Berlim. A Alemanha seguia firme e cega no caminho do nazismo e do racismo da cabeça tresloucada de Adolf Hitler.
O evento era para ser uma grande prova da suposta superioridade da raça ariana. Mas, havia Jesse Owens.
Quatro medalhas de ouro e ele botava abaixo a ideia de cor, nacionalidade ou raça superior. Mais do que isso, conseguiu dobrar Hitler, que o saudou, e conquistar o povo alemão, que o aplaudiu de pé. Até hoje, é idolatrado no país, principalmente em Berlim.
Em seu site oficial: “Em um tempo de segregação enraizada, ele não só desmentiu a teoria de raça superior de Hitler, mas também confirmou que a excelência individual, mais do que raça ou nacionalidade, distingue um homem de outro”.
Nascido no Alabama, neto de escravos e sétimo filho de Henry e Emma, mudou-se para Cleveland, Ohio, aos nove anos de idade. Lá, uma professora confundiu o som, em inglês, de suas iniciais (J.C.), e lhe deu o nome pelo qual ficou conhecido: Jesse.
Já aos 15 anos, mostrava talento no atletismo, vencendo provas pela escola e estabelecendo novos recordes. O sucesso na escola atraiu a atenção de várias universidades, que ofereceram bolsa para ele competir com suas camisas.
Owens optou por Ohio State. Sem bolsa, teve que batalhar em diversos empregos diferentes para sustentar a mulher, Ruth, bancar a faculdade e ainda treinar e competir. Trabalhou de ascensorista noturno, garçom, bibliotecário… No meio tempo, treinava para disputar e pulverizar todos os recordes possíveis das competições universitárias.
Em 1935, um ano antes dos Jogos, deu mostras do que faria em Berlim. Em campeonato nos EUA, com dores nas costas e num intervalo de 45 minutos, estabeleceu três novos recordes mundiais e ainda igualou outro.
Na Olimpíada, as vitórias nos 100m e 200m rasos, revezamento 4x100m e salto em distância confirmaram que superior era Jesse Owens.
Depois da façanha, foi recebido e ovacionado em carro aberto, em Nova York, e só. “Hitler não me esnobou – FDR me esnobou. O presidente nem mesmo enviou um telegrama”, disse, sobre a postura de Franklin Delano Roosevelt, que não o recebeu na Casa Branca após a Olimpíada.
Realmente, Owens lutou para ser reconhecido em seu próprio país. Sofreu preconceito e penou para conseguir trabalhos (chegou a correr contra cavalos!).
Não desistiu e passou a dedicar-se aos jovens, ensinando atletismo em Chicago. Viajou, fez palestras pelos Estados Unidos, passou sua história para todos.
Fumante inveterado, partiu aos 66 anos, vítima de câncer no pulmão.
Permanece vivo na História do esporte.
Uma lenda do Olimpo.

* Fernando Figueiredo Mello, 32 anos, é jornalista durante a semana e volante aos finais de semana. Escreve todos os dias no blog efemérides do éfemello.

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