quarta-feira, 20 de novembro de 2013

COMPANHEIRO CHICO ALENCAR COMENTA O DESFECHO (?) DESSE PROCESSO. ENTREVISTA TRANSCRITA DE "CARTA CAPITAL".

Política

Entrevista

Chico Alencar: "Prisões não ocorreram por subversão, mas por adaptação ao sistema.

O deputado federal do PSOL diz ficar triste com detenções de ex-colegas, mas vê escândalo como a "ponta do iceberg" de um problema maior

     
por Piero Locatellipublicado 19/11/2013 12:40, última modificação 19/11/2013 17:53
Agência Câmara
Deputado Chico Alencar se diz triste, mas não acha que julgamento tenha sido político

 

Em 2005, então deputado federal pelo PT do Rio, Chico Alencar chorou no plenário da Câmara ao ouvir o marqueteiro Duda Mendonça confessar publicamente o recebimento de dinheiro vindo do PT por meio de paraísos fiscais. A imagem se tornou emblemática no caso do chamado "mensalão". Oito anos depois, filiado ao PSOL, o deputado diz que a imagem da prisão dos dirigentes do PT ainda gera tristeza, apesar de não acreditar que tenha sido um julgamento político ou uma armação.
“Me dá uma tristeza muito grande ao ver pessoas que têm um passado de luta, de resistência contra a ditadura, de sonho socialista e utopia na política estarem nessa altura da vida atrás das grades. Não por subversão, mas por adaptação a um sistema. Mas é evidente que eu fico pensando que tanta gente já tinha que estar lá antes dos Josés. Gente da política, que está aí serelepe, solta.”
O deputado diz que o esquema do PT é a “ponta do iceberg” de um problema muito maior. “Oitenta por cento dos que estão na vida pública nacional através de mandatos eletivos de alguma maneira direta ou indiretamente foram beneficiários de esquemas similares ao deste 'mensalão'. Portanto, esse é um problema grave mas sistêmico do modo de fazer política no Brasil e da nossa democracia do dinheiro e do tráfico,” diz o deputado.
Alencar diz não ser otimista, e não espera uma melhora no sistema de financiamento das campanhas no Brasil tão cedo. Como exemplos da má vontade dos políticos ele cita duas propostas barradas no Congresso recentemente. Uma delas estabeleceria um novo teto para as empresas doarem nas eleições. A outra aumentaria a quantidade de prestações de contas durante as campanhas eleitorais.
“Há muita hipocrisia, gente que faz e vive de 'mensalões' com muitas faces falando que agora a corrupção política vai acabar, que todo politico tem que pensar muito antes de praticar atos ímprobos, mas não é assim”, diz o deputado.
"Evidente que o correto e o justo é o desvendamento de outros esquemas já denunciados, mensalão tucano, que segundo o próprio Joaquim é a matriz desse outro. O do DEM, que não está no STF mas é o mesmíssimo esquema, e por aí vai. Essas propinas em São Paulo. Tudo é um problema estrutural, endêmico. Eu espero que pelo menos sirva para mudar o padrão da politica do brasil, mas pelo que vejo na Câmara isso não vai acontecer."

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