segunda-feira, 24 de junho de 2013

FIGURA PÚBLICA VIVA, MAIS IMPORTANTE DO MUNDO NO MOMENTO, POR SEU CARISMA E SUA BANDEIRA CONTRA O APERTHEID, MANDELA ENFRENTA SUA LUTA MAIS DIFÍCIL. O APERTHEID, É PRATICADO EM TODO O MUNDO, DE DIVERSAS FORMAS E CORES, FOI ENFRENTADO NA ÁFRICA DO SUL, POR UM CIDADÃO QUE EM SUA LUTA ACABOU POR PASSAR 27 ANOS NA CADEIA, ENFRENTANDO A CLAUSURA JUNTO COM TRABALHOS FORÇADOS E PRISÃO INSALUBRE, QUE ACABARAM POR CONTRIBUIR EM SUA SITUAÇÃO ATUAL..

24 de Junho de 2013

África do Sul se prepara para o pior com Mandela em estado crítico

A África do Sul se preparava para o pior nesta segunda-feira, depois do anúncio de que o estado de seu ex-presidente Nelson Mandela, internado há 17 dias por uma infecção pulmonar, continua grave e que o líder antiapartheid trava seu último grande combate.
"O ex-presidente Mandela permanece em estado crítico no hospital. Os médicos fazem todo o possível para assegurar o bem-estar e conforto", declarou o presidente da África do Sul, Jacob Zuma, à imprensa estrangeira.
"Fui ao hospital durante a noite. Mandela dormia, o vimos e depois conversamos um pouco com os médicos e com sua esposa Graça Machel", relatou o presidente sul-africano.
Mandela, ícone da luta contra o apartheid e primeiro presidente negro da África do Sul, em 1994, fará 95 anos no dia 18 de julho.
Desde dezembro passado, Mandela foi internado em quatro ocasiões, vítima das infecções pulmonares que sofre há anos, provavelmente devido às sequelas da tuberculose contraída na prisão da ilha de Robben, onde passou 18 dos 27 anos de prisão sob o regime racista do apartheid.
Em Pretória, em frente ao Mediclinic Heart Hospital, onde foi hospitalizado em 8 de junho, centenas de pessoas continuam a chegar com cartas, flores, balões e lágrimas.




Muitas pessoas admitiram que Mandela não é eterno, mas a maioria se recusou a dizer isso em frente às câmeras.
"Meu maior desejo era que ele se recuperasse para que as próximas gerações conhecessem este homem que lutou por nós", declarou à AFP Phathani Mbatha. "Infelizmente não há nada que possamos fazer além de rezar para ele e para os médicos".
"Vê-lo neste estado, isto é novo para nós (...), mas espero que ele se recupere", acrescentou Vuyo Leroy.
"Isso me deixa triste, mas percebo que chegou a hora. Todo mundo fica doente nesta temporada (inverno austral), mas Mandela é o nosso herói e dói vê-lo tão doente. Ele é o nosso pai e nós ficaríamos felizes se ele permanecer conosco por pelo menos mais 100 anos", disse o Patson Moyo, outro sul-africano.
Domingo à noite, a Casa Branca declarou que seus pensamentos e orações estão dirigidos a Nelson Mandela, a sua família e ao povo sul-africano.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pretendia visitar Mandela na próxima semana, durante a viagem prevista para a África do Sul, mas aguardava o aval da família do líder sul-africano.
Durante a semana, houve um certo otimismo com a evolução do quadro de Mandela, a ponto de o ex-presidente Thabo Mbeki afirmar, na quinta-feira, que seu predecessor "não iria morrer amanhã". "Temos que ter confiança: ele ainda está conosco e vai permanecer conosco".
Mas sábado, a presidência comunicou que o estado de Mandela era "grave mas estável", depois do canal de televisão CBS revelar um agravamento do quadro.
Segundo a CBS, o fígado e os rins de Mandela têm apenas 50% de funcionamento e o ex-presidente "não responde" e "não abre os olhos há dias". Além disso, o ex-presidente precisou ser ressuscitado ao chegar no hospital.
As últimas imagens exibidas em abril, durante uma visita de líderes da ANC a seu domicílio em Joanesburgo, mostravam Mandela com um ar completamente ausente.
Seus problemas pulmonares provavelmente são devido às sequelas da tuberculose contraída na prisão da ilha de Robben, onde passou 18 dos 27 anos de prisão sob o regime racista do apartheid.
Libertado em 1990, Mandela recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1993 por sua atuação nas negociações de paz visando instalar uma democracia multi-racial na África do Sul, conjuntamente com o último presidente do regime de apartheid, Frederik de Klerk.
Mandela foi de 1994 a 1999 o primeiro presidente negro de seu país, um líder de consenso que soube conquistar o coração da minoria branca, que havia combatido a permanência no poder.
Um dos mais belos gestos de reconciliação foi em 24 de junho de 1995, há exatamente dezoito anos: neste dia a equipe de rugby dos Sprinboks, por muito tempo símbolo do poder branco, ganhou a copa do mundo em Joanesburgo. E Nelson Mandela entregou pessoalmente o troféu ao capitão da Seleção. Este episódio foi imortalizado no filme de Clint Eastwood "Invictus".
A última aparição pública de Mandela ocorreu na final da Copa do Mundo de Futebol em 2010 na África do Sul, com milhões de espectadores o acompanhando ao vivo pela televisão.
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Líder negro e estadista da África do Sul

Nelson Mandela

18/07/1918, Mvezo, Transkei
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação
[creditofoto]



Mandela posa para campanha anti-Aids

[creditofoto] Nelson Mandela foi um líder rebelde e, posteriormente, presidente da África do Sul de 1994 a 1999. Seu nome verdadeiro é Rolihlahla Madiba Mandela. Principal representante do movimento antiapartheid, considerado pelo povo um guerreiro em luta pela liberdade, era tido pelo governo sul-africano como um terrorista e passou quase três décadas na cadeia.

De etnia Xhosa, Mandela nasceu num pequeno vilarejo na região do Transkei. Aos sete anos, Mandela tornou-se o primeiro membro da família a frequentar a escola, onde lhe foi dado o nome inglês "Nelson". Seu pai morreu logo depois e Nelson seguiu para uma escola próxima ao palácio do Regente. Seguindo as tradições Xhosa, ele foi iniciado na sociedade aos 16 anos, seguindo para o Instituto Clarkebury, onde estudou cultura ocidental.

Em 1934, Mandela mudou-se para Fort Beaufort, cidade com escolas que recebiam a maior parte da realeza Thembu, e ali se interessou pelo boxe e por corridas. Após se matricular, começou o curso para se tornar bacharel em direito na Universidade de Fort Hare, onde conheceu Oliver Tambo e iniciou uma longa amizade.

Ao final do primeiro ano, Mandela se envolveu com o movimento estudantil, num boicote contra as políticas universitárias, sendo expulso da universidade. Dali foi para Johanesburgo, onde terminou sua graduação na Universidade da África do Sul (UNISA) por correspondência. Continuou seus estudos de direito na Universidade de Witwatersrand.

Como jovem estudante do direito, Mandela se envolveu na oposição ao regime do apartheid, que negava aos negros (maioria da população), mestiços e indianos (uma expressiva colônia de imigrantes) direitos políticos, sociais e econômicos. Uniu-se ao Congresso Nacional Africano em 1942 e dois anos depois fundou, com Walter Sisulu e Oliver Tambo, entre outros, a Liga Jovem do CNA.

Depois da eleição de 1948 dar a vitória aos afrikaners (Partido Nacional), que apoiavam a política de segregação racial, Mandela tornou-se mais ativo no CNA, tomando parte do Congresso do Povo (1955) que divulgou a Carta da Liberdade – documento contendo um programa fundamental para a causa antiapartheid.

Comprometido de início apenas com atos não violentos, Mandela e seus colegas aceitaram recorrer às armas após o massacre de Sharpeville, em março de 1960, quando a polícia sul-africana atirou em manifestantes negros, matando 69 pessoas e ferindo 180.

Em 1961, ele se tornou comandante do braço armado do CNA, o chamado Umkhonto we Sizwe ("Lança da Nação", ou MK), fundado por ele e outros militantes. Mandela coordenou uma campanha de sabotagem contra alvos militares e do governo e viajou para o Marrocos e Etiópia para treinamento paramilitar.

Em agosto de 1962 Nelson Mandela foi preso após informes da CIA à polícia sul-africana, sendo sentenciado a cinco anos de prisão por viajar ilegalmente ao exterior e incentivar greves. Em 1964 foi condenado a prisão perpétua por sabotagem (o que Mandela admitiu) e por conspirar para ajudar outros países a invadir a África do Sul (o que Mandela nega).

No decorrer dos 27 anos que ficou preso, Mandela se tornou de tal modo associado à oposição ao apartheid que o clamor "Libertem Nelson Mandela" se tornou o lema das campanhas antiapartheid em vários países.

Durante os anos 1970, ele recusou uma revisão da pena e, em 1985, não aceitou a liberdade condicional em troca de não incentivar a luta armada. Mandela continuou na prisão até fevereiro de 1990, quando a campanha do CNA e a pressão internacional conseguiram que ele fosse libertado em 11 de fevereiro, aos 72 anos, por ordem do presidente Frederik Willem de Klerk.

Nelson Mandela e Frederik de Klerk dividiram o Prêmio Nobel da paz em 1993.

Como presidente do CNA (de julho de 1991 a dezembro de 1997) e primeiro presidente negro da África do Sul (de maio de 1994 a junho de 1999), Mandela comandou a transição do regime de minoria no comando, o apartheid, ganhando respeito internacional por sua luta em prol da reconciliação interna e externa.

Ele se casou três vezes. A primeira esposa de Mandela foi Evelyn Ntoko Mase, da qual se divorciou em 1957 após 13 anos de casamento. Depois se casou com Winnie Madikizela, e com ela ficou 38 anos, divorciando-se em 1996, com as divergências políticas entre o casal vindo a público. No seu 80º aniversário, Mandela casou-se com Graça Machel, viúva de Samora Machel, antigo presidente moçambicano.

Após o fim do mandato de presidente, em 1999, Mandela voltou-se para a causa de diversas organizações sociais e de direitos humanos. Ele recebeu muitas distinções no exterior, incluindo a Ordem de St. John, da rainha Elizabeth 2ª., a medalha presidencial da Liberdade, de George W. Bush, o Bharat Ratna (a distinção mais alta da Índia) e a Ordem do Canadá.

Em 2003, Mandela fez alguns pronunciamentos atacando a política externa do presidente norte-americano Bush. Ao mesmo tempo, ele anunciou seu apoio à campanha de arrecadação de fundos contra a AIDS chamada "46664" - seu número na época em que esteve na prisão.

Em junho de 2004, aos 85 anos, Mandela anunciou que se retiraria da vida pública. Fez uma exceção, no entanto, por seu compromisso em lutar contra a AIDS.

A comemoração de seu aniversário de 90 anos foi um ato público com shows, que ocorreu em Londres, em julho de 2008, e contou com a presença de artistas e celebridades engajadas nessa luta.
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No cárcere, um prisioneiro admirado
Uma cela estava reservada para Nelson Mandela. O fundo voltado para o mar, caso ele pensasse em fugir. Mas seria impossível. Entre trabalhos forçados e visitas ocasionais, Nelson mantinha uma confiança resignada que não excluía a dúvida. Entre os abatimentos passageiros motivados pela “vida lá fora” (dissolução do CNA, silêncio da comunidade internacional durante os anos 60), ocorreram algumas satisfações localizadas (revolta de Soweto e de outros bairros negros). Mas Mandela jamais ficou alheio aos eventos: a vida carcerária era para ele uma “versão reduzida da luta no mundo”. Na espiral dos dias sempre recomeçados, ele se tornou amigo de um guarda um pouco atípico para o local e a função, James Gregory. Mandela comoveu-se com a respeitosa humanidade do carcereiro, e este ficou perturbado com a inalterável dignidade do cativo. Com o tempo, se livraram de seus respectivos preconceitos e passaram a manteruma relação fraternal. Gregory dará do episódio um vibrante testemunho em seu livro Mandela, meu prisioneiro, meu amigo.

Em 1982, os acusados de Rivonia foram transferidos para a prisão de Pollsmoor, perto da Cidade do Cabo, onde se beneficiaram de um regime penitenciário mais favorável. Mandela pressentiu as manobras conduzidas pelo Estado e, de fato, não estava enganado. Desde meados dos anos 80, o governo de Pieter Willem Botha abria uma porta para as negociações, e Frederik De Klerk, assim que foi eleito presidente da República, anunciou, em 2 de fevereiro de 1990, a libertação do mais antigo prisioneiro político do mundo. A libertação foi efetuada em 11 de fevereiro, 27 anos após a prisão. Sobre este fato, Breytenbach, escritor sul-africano afirmou: Ele (...) entrou na prisão como militante e saiu dela como um mito. Um mito cujo primeiro gesto foi levantar o punho, sinalizando um gesto de vitória. De fato, a liberalização do regime seguia um bom caminho. De Klerk suspendeu a interdição imposta ao CNA e retomou o diálogo com o movimento, cuja liderança passou a Mandela em julho de 1991. Seus esforços para a abolição das leis de segregação foram reconhecidos por Estocolmo que, em 1993, concedeu a ambos o Prêmio Nobel da Paz. Em abril de 1994, as primeiras eleições multirraciais na África do Sul submeteram o CNA a um plebiscito (no qual obteve 62,65% dos votos) e, em 10 de maio, Nelson Mandela foi oficialmente escolhido presidente da República. A ruína integral do apartheid legal e o anseio de elaborar as bases de uma “nação livre” continuaram orientando as opções de Mandela. No momento de passar o cargo a Thabo Mbeki (1999), ele ousou afirmar: Ainda não somos livres. (Tradução de Alexandre Massella)

 

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