29/7/2013 às 00h10 (Atualizado em 29/7/2013 às 07h53)
Massacre do Carandiru: PMs que vão a júri popular dispararam mais de 300 tiros
Promotoria vê provas “robustas” e “maiores” contra os 27 agentes neste 2º júri popular
Segundo Eduardo Olavo Canto, as alegações da acusação não mudaram de um tribunal para o outro, mas a quantidade de provas neste julgamento, o segundo dos quatro listados para tratar dos 102 detentos mortos pela Polícia Militar (outros nove foram mortos por outros presos, em um total de 111 mortos), é muito maior.
— Foram mais de 300 disparos, já contando os disparos que atingiram as vítimas, e os que atingiram as paredes. O que pretendemos e vamos provar aos jurados é que houve um excesso criminoso, considerando os números. Vocês podem ver: 70% das mortes do massacre aconteceram nesse terceiro pavimento [2º andar]. As provas são contundentes.
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O promotor Fernando Pereira da Silva completa:
—Os maus policiais não podem se achar Deus ou acima de qualquer autoridade, e definir que aquela pena de prisão seja transformada em uma pena de morte. Nem definir que aquele cidadão, lá no bairro pobre, que é viciado em drogas, que está às vezes praticando um furto para sustentar o seu vício, não merece viver e tirar a vida daquele cidadão. É contra isso que a gente tem que brigar.
Os 27 policiais militares que serão julgados a partir desta segunda-feira respondem por homicídio doloso (com intenção de matar) qualificado (motivo torpe, meio cruel, dificultação de defesa e acobertamento de outro crime). A promotoria vai pedir a pena máxima para cada um dos réus: 30 anos de prisão.
Defesa
Já a defesa não fala em novidades, mas espera outro resultado. A advogada Ieda Ribeiro de Souza não deve apresentar novidades em relação à estratégia utilizada no primeiro julgamento dos agentes envolvidos no massacre do Carandiru. Em entrevista ao R7, a defensora admite manter a mesma tese para obter a absolvição de todos os réus.
— A expectativa é de que se faça justiça, absolvendo todos os policiais. Não vejo nada a ser mudado na defesa, basicamente faremos a mesma que fizemos no primeiro julgamento. Não vi nenhum erro da defesa, depende muito mais dos jurados.
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Ieda voltou a afirmar, como fizera anteriormente, que "não há nenhuma prova” contra os PMs. Ela também diz não acreditar que o resultado do primeiro júri terá influência sobre os jurados nesta semana.
— Serão jurados novos. Eles terão contato com esse processo pela primeira vez, não vejo qualquer influência do resultado anterior neste próximo júri.
A mudança de juiz – saiu José Augusto Nardy Marzagão, entrou Rodrigo Tellini de Aguirre Camargo – é outra questão que, segundo a advogada, não deve influenciar na conduta da defesa.
— Pra mim, isso é irrelevante. A expectativa é a melhor possível.
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