Riscos de estagnação e tensões sociais aumentaram na zona do euro, diz FMI
Fundo recomenda mais cortes de juros e medidas ‘não convencionais’ para estimular o crédito
25 de julho de 2013 | 13h 46
Altamiro Silva Júnior, da Agência Estado

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Nesse cenário, os países da zona do euro precisam pensar em uma "nova agenda de crescimento" que reaqueça as economias e crie empregos. Para isto, a prioridade número um é reativar o crédito bancário, atualmente estagnado. Em alguns países, sobretudo da periferia da região, as dívidas de empresas e famílias permanecem elevadas, o que desencoraja ainda mais os bancos a concederem empréstimos e contribui para desaquecer a demanda, uma vez que as decisões de consumo e investimento são postergadas.
Na periferia da região, o crédito permanece caro, sobretudo para a pequena empresa. O FMI sugere que o BCE tome medidas específicas para este segmento. Uma delas seria o banco central comprar diretamente títulos de crédito emitidos por companhias de menor porte. O relatório fala que "medidas imediatas" precisam ser tomadas pelos governos da região dentro deste objetivo de reanimar o crédito, incluindo recapitalização de bancos com problemas, mas que ainda são viáveis, e fechamento ou reestruturação das casas financeiras consideradas inviáveis. Os economistas do Fundo ressaltam que apoiam novos testes de estresse na região para determinar a necessidade de capital de cada banco e ver aqueles que não têm mais chance de sobreviver.
A inflação na zona do euro deve continuar controlada, o que, destacam os economistas do Fundo, abre espaço extra para adoção de mais estímulos monetários. Em 2013, o índice de preços ao consumidor deve ficar em 1,5% e no ano que vem, em 1,4%. Na discussão sobre possíveis novos estímulos monetários, o relatório fala que o espaço para o corte de juros é limitado, mas sugere que as taxas para os depósitos sejam levadas para níveis negativos.
O FMI volta a falar no documento de hoje sobre a necessidade de a zona do euro acelerar a união bancária, de modo a ter um sistema financeiro, hoje muito fragmentado, completamente integrado, com mecanismos únicos de supervisão, regulação e tomada de decisões. O documento argumenta que progressos têm sido feitos, mas que novos esforços precisam vir, inclusive na direção de criar um mecanismo único de garantias de depósitos.
FMI muda tom.
O FMI mudou o tom em documento divulgado hoje e fala da necessidade de os países da zona do euro fazerem ajustes fiscais em ritmo escalonado para evitar que o crescimento econômico seja comprometido.
A melhora das contas fiscais, que já foi prioridade absoluta em outras análises do FMI para a zona do euro, agora tem um tratamento menos prioritário. "Os diretores concordam com a necessidade de um ritmo diferenciado, flexível, de ajuste fiscal no médio prazo. Neste sentido, a decisão recente de postergar para alguns países a data de cumprimento de metas de déficits fiscais é bem-vinda", destaca o documento. Uma flexibilidade adicional pode ser necessária em determinados casos, ressalta o documento.
No último final de semana, os ministros do G-20, bloco formado pelos países mais ricos do mundo, decidiu dar prioridade ao crescimento em vez da austeridade fiscal, como havia sido o tom de encontros anteriores.
O FMI avalia que os dirigentes europeus fizeram muitos progressos em pouco tempo para evitar um colapso das economias da região. No entanto, a agenda de reformas permanece incompleta e precisa ser acelerada, sob o risco de comprometer a recuperação das economias da região. Os riscos para uma piora da situação permanecem elevados, destaca o relatório.
Uma piora maior do mercado financeiro, como a vista nas últimas semanas, por conta da expectativa de mudanças na política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) pode afetar a região. A manutenção da turbulência e volatilidade nas bolsas pode "agravar a fragmentação e complicar a condução da política monetária" da região, de acordo com o FMI.


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