sexta-feira, 14 de junho de 2013

O MAIS INTERESSANTE É QUE OS JOVENS NÃO ACEITAM INTERFERÊNCIA DOS POLÍTICOS

Curiosidade ou militância: a postura dos adolescentes na onda de protestos em SP

A reportagem do iG Jovem foi ver de perto a disposição dos adolescentes presentes ao ato contra o aumento da tarifa do ônibus que aconteceu nesta quinta-feira (3), em São Paulo

Natália Eiras | - Atualizada às
Renan Truffi
Nesta quinta-feira (13), manifestantes se reuniram no centro de São Paulo no quarto ato contra o aumento do ônibus
Eles poderiam estar no Facebook ou vendo as notícias pela TV, mas, em vez disso, alguns adolescentes preferiram sair às ruas e engrossar o coro dos descontentes. Alguns saíram preparados para um possível confronto com a polícia e levaram seu kit protesto, munido de vinagre e materiais de primeiros socorros. Outros foram atiçados pela curiosidade e preferiram manter uma certa distância, adotando uma postura de espectadores. No entanto, todos têm em comum o fato de ser jovens e o desejo de ver São Paulo se transformando em um lugar mais democrático.
 
Natália Eiras
Leandro Gonçalves, 18, foi bem equipado à manifestação: "Nós somos feitos de palhaços pelos governantes"
O iG Jovem foi para o centro da cidade nesta quinta-feira (13), quando aconteceu o quarto ato contra o aumento da tarifa de ônibus, para conhecer algumas dessas histórias:
 
Leandro Gonçalves, 18 anos: “A gente é feito de palhaço pelos governantes”
Vestindo um blusão preto e uma calça jeans, o jovem, que está estudando para prestar vestibular para Direito e veio do Campo Limpo, na zona sul, para participar da manifestação, estava preparado para um possível confronto com a polícia. “Trouxe água, vinagre e primeiros socorros”, mostrou o estudante, abrindo a mochila. Esta é a segunda vez que ele vai a um ato e, na primeira vez, na terça-feira (11), a passeata foi marcada por novas amizades. “Conheci bastante gente da Unifesp e hoje vou encontrar um pessoal da USP”, explicou. A bandana molhada com vinagre, que ajuda a cortar o efeito do gás lacrimogêneo, já estava na mão, junto com o apito. “Para fazer barulho”, disse. E o nariz vermelho? “É que a gente é feito de palhaço pelos governantes”, falou categoricamente. Após responder as perguntas da reportagem, o rapaz pediu, antes de se afastar: “Mostra que aqui tem gente de bem, que nós não somos vândalos”.
 
 
Christian*, 15 anos: “Falei para minha mãe que estou na biblioteca”
Meio tímido entre os manifestantes, o adolescente parecia tenso, com as mãos sempre nos bolsos do casaco e olhando ao redor a todo momento. Esta é a primeira vez que ele participa de um ato contra o aumento da tarifa e está no lugar sem a autorização de seus pais. “Falei para a minha mãe que estou na biblioteca”, disse Christian. “Ela não sabe e eu não vou contar para ela. Ela me proibiria de vir”. O garoto, que não quis ser fotografado, tomou a decisão de participar da passeata repentinamente. “Vim de improviso, vim normal, como eu vou para a escola todos os dias”, afirmou.
Natália Eiras
Os protestantes mais engajados levavam lenço com vinagre para proteger das bombas de gás. Leandro levou, ainda, materiais de primeiros socorros

Carolina Simphrorio, 17 anos: “Minha mãe não aprova, mas não impediu”
Era a primeira vez que Carolina participava de um dos atos do Movimento Passe Livre e dava para perceber uma ponta de ansiedade. “Estou nervosa com o governo, só isso”, ela explicou. A garota, que vai prestar vestibular para Relações Internacionais, foi ao protesto contra a vontade de sua mãe. “Ela não aprova, mas não me impediu de vir”, disse. “Eu já tive uma experiência com spray de pimenta e ela não gostou nem um pouco”, contou, se referindo ao tumulto que aconteceu no ano passado, na entrada para um show do Franz Ferdinand. Contrariando as orientações dos organizadores, que pede para os manifestantes irem aos atos usando calças e blusa compridas para se protegerem de estilhaços, Carolina estava usando calça jeans e uma frágil regata. A toalha com vinagre, no entanto, já estava bem segura na mão junto com o apito.
Natália Eiras
Carolina Simphrorio, 17, foi sem a autorização da mãe. "Ela não apoia, mas não me impediu"
William Rossi, 16 anos: “Vim direto do colégio”
O uniforme de uma conhecida rede de colégios se destacava entre os manifestantes já encapuzados. “Eu vim direto da escola”, explicou William, que está no ensino médio. Na primeira vez que participou de um ato, o garoto não estava usando lenços para se proteger do gás lacrimogêneo e nem tomou nenhuma outra precaução. “Eu não me preparei porque não sabia que eu ia participar. Vi no Facebook e vim”, contou. Quando foi perguntado se a mãe dele sabe, ele responde simplesmente: “Não sei”. Como assim? “Eu mandei uma mensagem para ela dizendo que estava vindo, mas não sei se ela viu”, explicou. Ainda assim, William não deixou que a reportagem tirasse uma foto de seu rosto ou de seu uniforme.

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OBS: COM A CLASSE POLÍTICA DESMORALIZADA E MANCOMUNADA COM O "SISTEMA", OS JOVENS AGEM COM INDEPENDÊNCIA. PELO ANDAR DA CARRUGEM, HAVERÁ MUITA SURPRESA NAS ELEÇÕES DE 2014. ELES SE COMUNICAM PELOS MEIOS MODERNOS E DINÂMICOS DA MÍDIA. MARCAM ENCONTROS PELA INTERNET, USANDO SENHAS E PLENEJAM ATOS , QUE ESTÃO PONDO EM POLVOROSA A CIDADE DE SÃO PAULO. MAS TAMBÉM ARTICULAM EM MUITAS CAPITAIS E CIDADES DE MENOR PORTE. JÁ OCORRERAM REDUÇÕES DAS TARIFAS EM MUITAS CIDADES.

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