terça-feira, 11 de junho de 2013

E QUEM ESTIMULOU AS EMPRESAS BRASISLEIRAS PARA ATUAR NA ÁFRICA ?: O SR. LULA DA SILVA

Ex-sinônimo de pobreza, África vira xodó de investidores

Com mercado em expansão e bom ambiente de negócios, continente torna-se a nova aposta dos que buscam oportunidades de negócio em meio a crise

BBC |
 
BBC
Há alguns anos, a Etiópia era, para muitos, um sinônimo de crianças famélicas, conflitos territoriais e sectários, falta de infraestrutura e pobreza extrema. Hoje, relatórios de consultorias de negócios pintam um cenário bastante diferente: um mercado consumidor empolgante e em expansão, uma economia que cresce a mais de 8% ao ano há uma década e um ambiente para negócios que, apesar de complexo, pode garantir taxas de retorno aos investimentos de 20% a 30%.
E a história do segundo país mais populoso da África (após a Nigéria) não é um caso isolado no continente. Ao concentrar seis das dez economias que mais cresceram no mundo entre 2001 e 2010, segundo o FMI – e sete das que mais devem crescer até 2015 – a África tornou-se a nova menina dos olhos dos investidores, consultores e agentes do mercado.

Veja mais: Brasil corre para abrir fronteiras na África

Deixou de ser o "continente perdido" para tornar-se uma "terra de oportunidades", a "última fronteira do capitalismo" ou mesmo "um dos futuros motores do crescimento global" - como definiu o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, neste fim de semana.
Com a mesma velocidade, países como Moçambique, Tanzânia, Angola, Nigéria, Quênia, Gana e Zâmbia, além da Etiópia, tornaram-se, para consultores e parte da mídia internacional, os chamados "leões africanos" - em referência aos "tigres asiáticos" que em poucas décadas abandonaram a pobreza para se tornar potências tecnológicas.
A transformação do discurso sobre o continente foi tão drástica que alguns começaram a colocá-lo em xeque. "Temos uma 'nova África' ou uma 'nova onda' (dos mercados)?", questionou o jornalista e escritor Ioannis Gatsiounis, de Uganda, em um artigo para o jornal americano The New York Times.
Reuters
Centro de Lagos na Nigéria: falta de infraestrutura e mão de obra qualificada são grandes desafios.

Avanços
Para especialistas em África como Elsie Kanza, do World Economic Forum, e José Flávio Sombra Saraiva, da Universidade de Brasília (UNB), embora haja alguma dúvida sobre se o crescimento econômico da região é sustentável no longo prazo, não há como negar os imensos avanços dos últimos anos – nem que tais avanços de fato têm gerado amplas oportunidades de negócios.
Desde 2000, o comércio entre a África e o resto do mundo aumentou 200%. O boom das commodities ajudou a impulsionar a economia de muitos países da região e a adoção de políticas macroeconômicas mais equilibradas deu algum alívio financeiro para os governos locais.
Também houve avanços na redução de conflitos e instabilidade política – apesar de a região continuar a ser uma das mais instáveis do globo. "E os índices de pobreza começaram a cair em diversos países ao mesmo tempo em que começou-se assistir à expansão de uma classe média africana", disse Kanza à BBC Brasil.
Acredita-se que hoje 70% dos africanos ainda vivam com menos de US$ 2 por dia. Segundo previsões da consultoria McKinsey, porém, metade da população do continente será considerada consumidora de produtos supérfluos (fazendo parte das categorias "classe média" ou "consumidores emergentes") até 2020.
Com os avanços econômicos e políticos, não demorou para o continente atrair todo tipo de investimentos. Segundo um mapeamento do Center for Global Development, apenas a China já investiu US$ 75 bilhões no continente. E só no último ano, o mercado de captações de empresas privadas aumentou 50% em países como Nigéria e Quênia, por exemplo.

Oportunidades

Para Anthony Thunstrom, chefe do Global Africa Project (GAP), criado em 2001 pela consultoria KPMG, três fatores têm tornado o continente africano atrativo aos olhos de empresas estrangeiras.
Primeiro, a abundância de recursos naturais como petróleo e minérios – e, em menor grau, a imensa disponibilidade de terras cultiváveis no continente. Essas são áreas de grande interesse da China, mas que também enchem os olhos de outros parceiros africanos, como o Brasil.












Países como Gana, Guiné, Moçambique, Angola, Tanzânia e Nigéria estão entre os particularmente atrativos nesse quesito.
O segundo fator está relacionado às oportunidades criadas pela necessidade dos governos locais resolverem o imenso deficit de infraestrutura africano. "A África tem uma necessidade urgente de todo tipo de infraestrutura: estradas, hidrelétricas, sistemas de saneamento básico, etc. - o que significa muitos contratos para construtoras estrangeiras", disse Thunstrom. à BBC Brasil.
De fato, já faz alguns anos que construtoras brasileiras tem prospectado negócios nos mais variados países da região – de Libéria e Líbia até Gana, Moçambique e Angola. E, em boa parte dos casos, elas enfrentam uma concorrência acirrada das chinesas e construtoras de outros países.

Demografia

O terceiro fator que faz a África despertar o apetite de investidores e empresas estrangeiras é a questão demográfica. A população africana deve dobrar nos próximos 40 anos – subindo de 1 para 2 bilhões.
Além disso, também está passando por um intenso processo de urbanização – que implica na inclusão, no mercado consumidor local, de grandes contingentes populacionais que antes produziam para o próprio sustento. "Muitas empresas estrangeiras estão investindo para atender a esses novos consumidores com produtos como celulares", disse Thunstrom.
A produtora de bebida Diageo e a rede Walmart estão entre as empresas que recentemente entraram na Etiópia de olho nesse mercado. E países como Angola, a Nigéria e o Quênia também têm atraído investimentos desse tipo.
"E esse perfil populacional também significa um suprimento de força de trabalho barata para indústrias que resolvem se instalar nesses países", disse à BBC Brasil Flan Oulaï, especialista em

África da consultoria PriceWaterhouseCoopers (PwC).
Calcula-se que em 30 anos a África terá uma população economicamente ativa maior que a China. E os salários africanos também tendem a ser mais baixos.
BBC
Mercado de rua em Nairóbi, no Quênia: mercado consumidor africano já atrai empresas estrangeiras

 
 
Populações locais

Uma das grandes incógnitas em relação à nova onda de investimentos na África, porém, é quanto desses aportes estão de fato beneficiando as populações locais. No passado, companhias europeias exploraram os recursos naturais do continente sem grandes preocupações com essa questão.
Para Oulaï, porém, não há dúvida de que hoje o perfil dos investimentos é diferente. Primeiro porque as próprias multinacionais e países estrangeiros teriam mudado de atitude.
Depois, porque haveria muito mais pressão dos governos locais para que tais empresas contratem mão de obra local, promovam algum tipo de transferência tecnológica e reinvistam no continente parte dos ganhos obtidos em seu território, segundo o consultor. "As lideranças africanas estão mais cientes de que, para fazer as economias locais deslancharem, precisam desenvolver sua própria capacidade produtiva", afirmou o consultor. Oulaï acredita haver fortes indícios de que o crescimento africano é sustentável.

Já Kanza e Saraiva são mais céticos e citam algumas vulnerabilidades que podem tornar-se empecilhos para o crescimento do continente no longo prazo.
"É pouco provável que os países do continente consigam manter no longo prazo os níveis de expansão que tanto animam investidores sem investir em educação e resolver rapidamente alguns nós de infraestrutura básica – ou sem promover uma diversificação de suas economias, hoje ainda bastante dependentes de recursos naturais e agricultura", disse Kanza.
Para Saraiva, apesar de o perfil de muitos investimentos de fato ser diferente da simples exploração de recursos naturais do passado – com mais geração de emprego para os africanos - ainda é preciso tempo para se ter certeza que (os investimentos) farão a diferença para grandes parcelas da população local, em vez de apenas enriquecer uma elite africana.

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Muitos dos países que estão despertando o interesse dos investidores ainda estão entre os mais pobres do mundo. E problemas como instabilidade política e burocracias kafkianas não sumiram da noite para o dia simplesmente por que as narrativas sobre o continente mudaram.
"Os riscos e custos relacionados a questões como corrupção, mudanças políticas bruscas e precariedade logística ainda estão lá. Mas as empresas estrangeiras podem elaborar planos realistas de investimentos que coloquem tais custos na conta e mitiguem os riscos", disse Oulaï.

OBS: UMA DAS ÁREAS MAIS IMPORTANTES QUE O BRASIL SE ENVOLVEU NA ÁFRICA FOI NO SETOR AGRO-PECUÁRIO, COM A EMBRAPA, EMPRESA DO GOVERNO BRASILEIRO E LULA "VIA" A NECESSIDADE DE SE AUMENTAR A OFERTA DE ALIMENTOS PARA COM ISSO, REDUZIR O SOFRIMENTO SOCIAL DOS AFRICANOS. ELE LULA, AFIRMA SEMPRE QUE O  BRASIL TEM UMA DÍVIDA MORAL COM A ÁFRICA. HOJE, A EMBRAPA ESTÁ ATUANDO EM 22 PAÍSES DESSE GRANDE CONTINENTE. COMO CONSTA NO TEXTO, AS EMPRESAS EUROPÉIAS QUE SE ENVOLVERAM NO PASSADO NA ÁFRICA, NÃO SE PREOCUPAVAM COM A QUESTÃO SOCIAL. QUERIAM EXPLORARA RECURSOS NATURAIS E OBTER O MAIOR LUCRO POSSÍVEL. FOI UM GRAVE EQUÍVOCO DESSAS EMPRESAS. QUANDO UM PAÍS CRESCE E SE FORTALECE, TORNA-SE UM PARCEIRO EM OUTRAS TRANSAÇÕES. GRANDES EMPRESAS BRASILEIRAS QUE ATUAM EM INFRA-ESTRUTURA COMO A CAMARGO CORRÊA, A ODEBRECTH, A PETROBRÁS E A VALE DO RIO DOCE ESTÃO EM MUITOS PAÍSES.

          Empresas brasileiras invadem a África


          A África se consolida como rota de investimentos para empresas brasileiras, principalmente nos setores de mineração e petróleo. Com mais de US$ 7,7 bilhões já aprovados para projetos na região, a Vale é uma das companhias que apostam alto no continente.
          Mas chega tarde nessa disputa por ativos africanos. Consultor de empresas brasileiras na África, o engenheiro José Mendo de Souza, presidente da J. Mendo Consultoria, disse que a China foi mais rápida em enxergar a região como a última fronteira mineral a explorar.
          “A China disparou sua avidez por recursos minerais na região antes que o mundo percebesse”, afirmou. Um exemplo dessa voracidade chinesa foi a disputa pela mineradora sul-africana Metorex. Mesmo dona de um caixa reforçado, a Vale preferiu sair do páreo assim que a chinesa Jinchuan entrou na disputa com uma oferta para lá de vultuosa. Mas a derrota não mudou os planos da brasileira na região.
          Atualmente, a mineradora desenvolve projetos importantes na África, como o de minério de ferro de Simandou, na Guiné, e o carvão em Moatize, em Moçambique. Ela também faz prospecção de negócios em outros países. Além da Vale, a Petrobrás, a Odebrecht e a Camargo Corrêa também apostam pesado na África. “A Camargo tem uma fábrica de cimento em Angola e está pensando em expandir”, lembrou Mendo.
          Financiamento do BNDES. Esse maior interesse das brasileiras por investimentos na região tem ecoado também nos corredores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Para a superintendente de Comércio Exterior do banco, Luciane Machado, é nítido o crescimento na demanda por financiamentos para projetos na região. “Essa demanda está na nossa pauta do dia a dia”, afirmou.
          Segundo ela, esse movimento pode ser facilmente percebido pelo aumento no número de delegações de países africanos que passam pelo BNDES. “Só no último semestre, o presidente do banco (Luciano Coutinho) recebeu representantes do Quênia e da Guiné”, contou.
          A demanda levou o banco a preparar estudos específicos para mapear negócios na região. Atualmente, o BNDES trabalha em conjunto com o Itamaraty na preparação de um estudo sobre o potencial de produção de bioetanol em alguns países da África Ocidental, que deve ficar pronto em 2012.
          “Percebemos que existe uma diversidade de mercado muito grande, por isso, estudos muito gerais não adiantam”, disse.
          A melhor explicação para o crescente interesse de companhias brasileiras na região está nas recentes crises globais, que abriram oportunidades para economias emergentes. Para a secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, o fraco desempenho das economias maduras levou o Brasil a buscar oportunidades na África, onde as taxas de crescimento são mais altas do que a média mundial. Além disso, os negócios abrem novos mercados consumidores para empresas brasileiras.
          Só em 2011, o intercâmbio comercial entre o Brasil e o continente cresceu 23,5% em relação ao ano anterior, superando a marca dos US$ 25 bilhões. “O dinamismo das exportações brasileiras para a África contribui para a expansão das vendas externas do País”, avaliou. Entre os principais produtos estão açúcar de cana, minério de ferro, milho em grão, trigo e carne bovina desossada.
          Do total das exportações brasileiras para o continente africano este ano, US$ 7,578 bilhões foram de produtos industrializados, sendo US$ 4,571 bilhões de produtos manufaturados e US$ 3,007 bilhões de produtos semimanufaturados. A venda de produtos básicos somou US$ 3,448 bilhões.
          Os números expressivos de comércio não impedem que a balança comercial brasileira registre déficit com a África desde 1996, por causa da importação brasileira de óleos brutos de petróleo e de nafta para petroquímica, propanos e butanos liquefeitos, gás liquefeito de petróleo (GLP). “A Nigéria é a maior exportadora para o Brasil de óleos brutos de petróleo, com vendas de US$ 7,488 bilhões”, acrescentou
           
             

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