quinta-feira, 21 de março de 2013

EMPRESAS BRASILEIRAS CRESCEM PARA O EXTERIOR


As empresas mais internacionalizadas do Brasil

Investimento fora do país alcançou US$ 20,5 bilhões em 2008, a segunda marca mais alta da história

Por ELISA CAMPOS
Wikimedia CommonsApesar da crise mundial, os investimentos de empresas brasileiras no exterior atingiram em 2008 a segunda marca mais alta da história, alcançando US$ 20,5 bilhões, contra os US$ 7,07 bilhões registrados em 2007 -- um crescimento de 190%. As 20 maiores transnacionais do país empregam ao redor do mundo 142,3 mil funcionários, possuem R$ 199,52 bilhões em ativos fora do Brasil e renderam R$ 134,92 bilhões em receitas no ano passado, aumentando seu nível de internacionalização, aponta pesquisa da Fundação Dom Cabral.

Em 2008, 25,32% das receitas dessas empresas vieram de fora do país, enquanto 27,52% de seus funcionários e 27,66% de seus ativos se encontravam no exterior. Em 2007, esses percentuais eram de 24,16%; 24,94% e 22,33%, respectivamente.

No ranking das 41 transnacionais brasileiras mais internacionalizadas, a Gerdau aparece na frente com 63% do total dos seus ativos fora do país e mais de 50% de suas vendas e seus funcionários no exterior. Na segunda colocação, a Sabó tem 40% de suas vendas feitas fora do país, assim como 49% dos ativos e 33% dos empregados.

Em terceiro lugar, a Marfrig foi a companhia que mais aumentou seus ativos fora do país. O crescimento foi de 358% em relação a 2007. O boom deveu-se principalmente à aquisição de 20 subsidiárias na Europa e América do Sul no ano passado. Com os negócios, o frigorífico tem agora o maior índice de funcionários fora do Brasil, com quase 60% da força de trabalho no exterior.

“Adquirimos empresas sólidas com experiência de 40, 50 anos. Temos como estratégia nos diversificarmos tanto geograficamente, quanto na variedade dos produtos oferecidos”, diz Ricardo Florence dos Santos, diretor de relação com os investidores da Marfrig.

Aparecem também entre as dez mais internacionalizadas Vale, Metalfrio, Odebrecht, Aracruz Celulose, Tigre, Artecola e Suzano Papel e Celulose.

Ranking das empresas mais internacionalizadas
Posição
Empresa
Índice
1
Gerdau
0,570
2
Sabó
0,408
3
Marfrig
0,407
4
Vale
0,385
5
Metalfrio
0,378
6
Odebrecht
0,357
7
Aracruz Celulose
0,302
8
Tigre
0,296
9
Artecola
0,259
10
Suzano Papel e Celulose
0,257
11
Lupatech
0,234
12
Marcopolo
0,207
13
Embraer
0,203
14
Itautec
0,181
15
Camargo Corrêa
0,177
*Fonte: Fundação Dom Cabral


“Os grupos brasileiros transnacionais têm alto market share dentro do Brasil. Para poder continuar crescendo, eles precisam ir para o exterior”, explica Jase Ramsey, coordenador do Núcleo de Internacionalização da Fundação Dom Cabral, que realizou a pesquisa. Das 41 empresas avaliadas pelo estudo, apenas 14, ou 35%, diminuíram seu índice de internacionalização em 2008.

As aquisições foram as principais responsáveis por aumentar o nível de internacionalização das empresas brasileiras em 2008. Cerca de R$ 10,8 bilhões foram direcionados a essas operações. Entre as mais importantes estão a compra da siderúrgica MacSteel, da Quanex Corporation, pela Gerdau, por US$ 1,4 bilhão, e da alemã LWB Refractories, pela Magnesita, por US$ 952 milhões.

As maiores Quando o critério são os ativos, a maior transnacional brasileira no exterior é a Vale (R$ 95 bilhões), seguida pela Gerdau (R$ 37,4 bilhões), Petrobras (R$ 26,53 bilhões), Votorantim (R$ 13,6 bilhões) e Odebrecht (R$ 8,1 bilhões).

Juntos, os ativos das 20 maiores transnacionais do país no exterior cresceram 32% em 2008 em relação a 2007, totalizando R$ 201 bilhões.
SAIBA MAIS


Resultados O esforço das companhias direcionado ao exterior foi recompensado. A taxa de crescimento registrada pelas empresas brasileiras lá fora foi maior do que aqui no Brasil. No caso das receitas, houve alta de 19,58% no país, enquanto internacionalmente foi de 27,33%.

No entanto, mesmo com o crescimento, os resultados das operações no exterior ainda são inferiores aos registrados no Brasil. A margem EBITDA (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização na sigla em inglês) das operações externas foi, em média, de 10,8%. Já para as operações totais, a margem sobe para 16,5%.

No ano passado, especialmente afetado pela crise financeira mundial, o mercado doméstico brasileiro se mostrou mais forte do que o de outros países, fazendo com que as companhias pudessem registrar mais ganhos no Brasil do que no exterior.

“As empresas se mostraram mais satisfeitas com as operações no Brasil do que no exterior, já que outros mercados mais maduros foram mais afetados pela crise”, diz Ramsey.

Um mundo a conquistar As transnacionais brasileiras mantêm subsidiárias principalmente em países da América Latina (46%), Europa (21%) e América do Norte (17%). A região latino americana ganhou espaço na comparação com o ano passado, quando abrigava cerca de 40% das subsidiárias. Menos resistente à crise, a Europa perdeu terreno em relação a 2007, quando detinha cerca de 26% das operações brasileiras no exterior.

Para 2010, as trasnacionais brasileiras planejam continuar concentrando seus negócios na América Latina, já que, com a crise, operações em países mais próximos tornam-se mais atrativas por representar menores custos de logística e maior facilidade de acordos comerciais.

Recessão mundial Apesar do bom desempenho de 2008, a tendência de investimentos de empresas brasileiras no exterior se reverteu no início deste ano, passando de um saldo positivo de US$ 5,05 bilhões no quarto trimestre do ano passado para um déficit de US$ 392 milhões no primeiro trimestre de 2009.

O apetite por aquisições também diminuiu. Segundo a KPMG, patrocinadora do estudo feito pela Dom Cabral, enquanto em 2008 houve pouco menos do que 60 negócios fechados, no primeiro semestre de 2009 foram fechados apenas 12 negócios.

OBS: DADOS DE AGOSTO 2008, DURANTE O 1º GOVERNO LULA, QUE ESTIMULOU AS EMPRESAS A SE INTERNACIONALIZAREM.

Nenhum comentário:

Postar um comentário