domingo, 25 de novembro de 2012

SR. RYU MIZUNO, O GRANDE IDEALIZADOR DA IMIGRAÇÃO JAPONESA AO BRASIL

A imigração japonesa no Brasil

Com espaço físico limitado e super população no início do século XX, o Japão fez acordos com o Brasil e em 1908 atracava em Santos, maior Porto da América do Sul, o navio Kasato Maru, com uma verdadeira surpresa ao povo brasileiro: vinham com transferência definitiva para uma nova terra, 165 famílias de japoneses, para trabalhar nas fazendas de café do Estado de São Paulo.


Esses pioneiros passaram por grandes dificuldades, sofreram muito, pois as diferenças na forma de vida e de alimentação eram muito grandes. Os costumes deles nada tinham a ver com os costumes dos brasileiros, em sua maior parte descendentes de uma mistura de treis raças a saber: portugueses, índios e negros africanos que vieram de muitas regiões da África. Uma outra característica era que, dos portugueses, uma grande parte no começo da sua “povoação”, eram compostos de criminosos degredados para essa terra longínqua. Após essa viagem, nos sete anos seguintes vieram um total de 3.434 famílias perfazendo um total de 14.983 pessoas. Povo culto, os japoneses já tinham erradicado o analfabetismo em seu País desde o início do séc. XX. Hábeis agricultores logo se afeiçoaram à nova terra, pois no Japão não havia terra disponível para tanta gente. Outras etnias colaboram na formação da população brasileira, como alemães, poloneses, libaneses, italianos, árabes e tantas outras. A miscigenação é fator de grande importância na formação do povo brasileiro. O Brasil é o “cadinho do mundo”. Um ponto interessante foi, que o Governo brasileiro na altura, “trabalhava” por um aumento de imigrantes italianos e via com desconfiança os asiáticos (japoneses e chineses), com seus costumes totalmente diferentes daqueles que já habitavam o País.


Com o começo a 1ª guerra mundial, essa imigração diminuiu, e tornou a aumentar de novo entre o final da primeira grande guerra (1918) e o começo da segunda grande guerra (1939). Vieram mais 164 mil japoneses. A maior parte, 75% deles foi se radicar no Estado de São Paulo. Esse grande número deu-se em função da hostilidade a que foram submetidos, pois foram proibidos de entrar nos Estados Unidos e eram maltratados na Austrália e Canadá. Assim entre os Países com vasto território, o Brasil foi um dos poucos países que abriram suas portas aos japoneses. Com o fim da 1ª guerra mundial, a imigração japonesa ao Brasil aumentou muito. O Governo do Japão estimulava essa saída, pois havia super população e eram escassos os meios de que dispunha o Japão para alimentar seu povo. Entre 1920 e 1930 já não iam todos para os cafezais. Eles trouxeram "escondido", sementes de chá, morango e arroz. Eram especialistas nesses produtos. Inclusive isso os ajudou a assimilarem os costumes alimentares, pois o arroz é uma das bases da alimentação japonesa. Como sabemos, no Japão já não haviam analfabetos desde o final do séc. XIX, com o aumento populacional desse povo laborioso em solo brasileiro, acabam de comemorar 100 anos das primeiras famílias. Perfazem mais de 1% da população brasileira. Hoje em Novembro de 2012 , já são mais de 2 milhões de pessoas. O acontecimento festivo foi comemorado em 18 de Junho de 2008.
A comunidade japonesa em nosso país era muito fechada à miscigenação. Mas a partir de 1970 os netos dos orientais, começaram a se relacionar e casar com descendentes de italianos, espanhóis, portugueses, e com brasileiros já com sangue africano e indígena.

Essa foi uma das maiores transferências de um povo para uma região totalmente estranha e que após penosa adaptação, redundou na história da humanidade, em êxito total.

Esse Artigo não pode deixar de citar o Sr. Ryu Mizuno, Empresário e Político. Foi quem “enxergou longe” e viu a possibilidade de transferir centenas de famílias japonesas para o Brasil. Começou a planejar em 1906. Esteve muitas vezes no Brasil. Esteve com o Governador do Estado e São Paulo, Sr. Jorge Tibiriçá e seu Secretário da Agricultura, Sr. Carlos Botelho, conheceu as diversas culturas produzidas no Estado, onde predominava a cultura do café. Selou aí o futuro da imigração. Uma empreitada que tinha tudo para dar errado, acabou por transforma-lo no “Pai” da imigração japonesa no Brasil. Durante a 2ª guerra mundial, esteve impedido de sair do Japão e só retornou ao Brasil em 1950, já muito fraco. Morreu em 1951 rodeado dos parentes e foi enterrado num túmulo discreto no Cemitério São Paulo, zona oeste da cidade. Uma pessoa da comunidade, Tereza Hatue Rezende, escreveu o único livro sobre essa epopéia e conta a vida do Sr. Mizuno. Com o nome: “Saga Japonesa em Terras Brasileiras”. Em 1962 foi homenageado em sua cidade natal Sagawa, no Japão. Hoje lá existe uma estátua para perpetuar sua figura legendária. São considerados “isseis” os japoneses de primeira geração, nascidos no Japão e contam-se por volta de 12% da comunidade; os descendentes são chamados de “nisseis” aos filhos, “sanseis” aos netos e “yonseis” aos bisnetos. Esse povo disciplinado e laborioso, já  comemorou um século da vinda das primeiras famílias. Atualmente 30% dos descendentes são oriundos do casamento de um descendente com um não descendente de japoneses. Foi tão forte a ligação dos povos brasileiro e japonês que atualmente, somente 10% dos descendentes sabem falar a língua japonesa.

Um fato muito interessante é que enquanto somam mais de 1 % da população brasileira, dentro da população universitária os descendentes de japoneses somam mais de 12 % dessa população, o que prova que eles buscam com muito empenho o conhecimento científico, e nos vestibulares para adentrar nas Universidades, costumam alcançar colocações destacadas com muita frequência. Sabemos que o conhecimento é fundamental.

Outro fato digno de se anotar é que atualmente essa comunidade japonesa que vive no Brasil, é a maior fora do Japão no mundo. Outro fato digno de nota, é que mais de 313 mil descendentes estão no Japão a trabalhar. Após a penosa adaptação, as famílias se integraram ao país, às suas terras férteis, ao espaço generoso, pois o Brasil é um país continental, imenso. Seu povo em virtude da grande mistura de etnias, é cordial, generoso, solidário. Hoje podemos afirmar que foi um acordo extremamente acertado entre essas duas Nações e estão irmanadas de forma muito forte. Esse laço é indissolúvel. Os brasileiros descendentes de japoneses e os orientais por nascença, estão inseridos em todos os segmentos das múltiplas atividades nacionais. Quer sejam agrícolas, comerciais, industriais, pesquisa científica. Só para citar um nome, tem um descendente, Dr. Siguemituzo Arie, especializado em cardiologia e que atua no Hospital “Sociedade Portuguesa de Beneficência” em São Paulo já há muitos anos, e que já efectuou dezenas de milhares de cateterismos em pacientes com risco de vida. Trouxeram tecnologias que já usavam em sua agricultura e as introduziram em nosso País. Hoje o Japão é o 3º maior consumidor de café brasileiro com uma importação anual de 44 milhões de sacas de 60 kg cada.

Por esses laços tão fortes e sendo o Japão uma potência mundial, é natural que seja também um dos países com os maiores investimentos no Brasil. Homens com a visão do Sr. Ryu Mizuno fazem falta ao nosso mundo atual, tão carente de humanismo e tão farto de injustiça, violência, crueldade, ganância, intolerância e desonestidade.



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