Mortalidade infantil está diretamente associada à falta de estudo dos pais.
Estatística compilada pelo 'Estadão Dados' mostra que, para cada ponto percentual retirado da taxa de analfabetismo da população adulta, a morte de crianças cai 4,7 pontos; fator tem mais influência do que a pobreza e a falta de saneamento básico.
26 de agosto de 2013 | 2h 00
Lucas de Abreu Maia, José Roberto de Toledo e
Rodrigo Burgarelli - O Estado de S.Paulo

Os dados se referem aos 5.565 municípios brasileiros, foram coletados durante o Censo 2010 e compilados pelo Atlas de Desenvolvimento Humano no Brasil. Eles foram usados para criar um modelo explicativo dos indicadores que poderiam causar a mortalidade de crianças de até 5 anos. Por meio de métodos estatísticos, foi possível ver que a maior causa desse tipo de morte está relacionada à taxa de alfabetização da população com mais de 18 anos.



O terceiro fator estudado que diminui a mortalidade na infância é o acesso a água e esgoto. Mas o impacto é bem menor do que o do analfabetismo e da pobreza. A cada ponto porcentual a menos de população sem saneamento básico, a mortalidade na infância cai 0,8 ponto. Combinadas, as três variáveis - analfabetismo, pobreza e água/esgoto - explicam 62% da taxa de mortalidade das crianças com até 5 anos no Brasil. O modelo é consistente também no tempo. Aplicado aos dados do Censo de 2000, seu poder de explicação é ainda maior: 69%.
O professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa José Cássio de Moraes ressalta que a maior educação materna também aumenta as chances de doenças infantis serem diagnosticadas mais cedo: "A mãe com nível educacional melhor reconhece mais rapidamente os sintomas de doenças.
" / COLABOROU DIEGO RABATONE
Desafio é reduzir as mortes de recém-nascidos
Entre 2000 e 2011, segundo o SIM-Datasus, as mortes de crianças com menos de 5 anos caíram de 79.470 para 46.375 por ano. A queda foi mais significativa entre as crianças com mais de um mês de vida: 47% no período. Nessa fase, as causas de morte mais comuns podem ser tratadas com terapias simples, como soro caseiro. Isso ajuda a explicar como o aumento da escolaridade dos pais reduz a mortalidade.
Desafio está agora nas crianças com até uma semana de vida, grupo com maior parte das mortes infantis. O problema é mais complexo, porque as causas não são facilmente evitáveis e implicam cuidados com as mães e o parto.
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